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Inverno brasileiro exige cuidados especiais com a saúde dos animais

16 de junho de 2009
6 min. de leitura
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Embora exista um senso comum de que cães – por conta de sua pele e pelagem – estão mais bem adaptados para enfrentar as baixas temperaturas, é preciso lembrar que a maioria dos animais domésticos não sofre grandes transformações físicas para o período de outono e inverno. Por isso, pequenas alterações no abrigo, na rotina de cuidados, nos passeios e na alimentação ajudam manter a saúde e o bem-estar dos bichos nos dias mais gelados. “Algumas raças como Husky Siberiano, Bernesian Mountain Dog, São Bernardo, entre outros que possuem características físicas que os tornam mais resistentes ao frio como, maior camada de gordura sob a pele e subpelo mais denso, podem não sentir tanto as madrugadas mais frias, esclarece o diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care Marcelo Quinzani.

Abrigar os animais em locais protegidos da variação do tempo como ventos, chuva, sereno e outros, é o primeiro item da lista de cuidados que devem ser tomados durante os próximos meses. A recomendação vale para pets de todas as faixas etárias.”Se o animal dorme em uma área externa da casa é preciso que ele tenha sua casa ou canil”, pontua o médico veterinário. Alguns cães e gatos mesmo tendo onde se abrigar preferem dormir ao relento. “Se este for o caso é preciso prender o animal, principalmente em dias chuvosos”, aconselha o médico veterinário.

Os recém-nascidos devem ter atenção redobrada durante o frio. Todos os filhotes, até os dois meses de idade, ainda não têm uma capacidade eficiente de manter a temperatura corpórea e perdem calor facilmente. “Por isso, dependem de abrigo e da energia fornecida pela alimentação, que deve ser oferecida até quatro vezes ao dia”, explica. No frio, a necessidade de energia aumenta e os animais que não recebem condições adequadas de alimentação e aquecimento podem acabar morrendo. “Atitudes como manter a ninhada em local protegido, confinar em ambientes pequenos e aquecidos, forrar com panos embaixo e dentro da casinha ou caminha onde os pequeninos dormem, é uma atitude simples que mantém o aquecimento”.

Os cães de idade avançada ou que sofrem com problemas osteoarticulares – artrose, calcificações na coluna e hérnia de disco – tendem a sentir mais dor nos dias frios. Estes, assim como os animais de pelagem curta devem ser agasalhados. “É importante mantê-los aquecidos e as roupas podem ser grandes aliadas”, pontua. “Se o animal apresentar sintomas aparentes de dor, dificuldade de locomoção ou de se levantar pela manhã, agressividade e sensibilidade ao toque, o ideal é procurar um especialista para checar as possibilidades de medicação analgésica”. Nunca dê remédios – nem humanos, nem específicos para animais – ao seu bicho sem consultar previamente um veterinário.

Aumentar a oferta de alimentos também está entre as dicas para ajudar o animal a passar pelo período sem tanto sofrimento. Se o animal não tiver tendência à obesidade ou ainda problemas decorrentes dela, aumente em 15 a 20% a oferta de alimento durante o frio. Troque também os horários de passeio nesta época do ano. “Procure levar o animal para rua nos horários ainda quentes do dia e quando o sol ainda está presente, como no início da manhã ou final do dia e evite tirá-lo de casa quando estiver muito frio ou durante a noite.”

Menos banhos e mais pelos

A rotina de banhos e tosas também merece algumas modificações quando os termômetros estão nivelados por baixo. Aumentar o intervalo entre um banho e outro, escolher os locais protegidos e dias mais quentes para a limpeza, secar os animais com secadores e deixá-los com a pelagem mais comprida são atitudes que garantem o bem-estar dos bichos. Também é importante ter cuidados com o choque de temperaturas. “Seja no banho em casa ou no pet shop, mantenha o animal em um lugar protegido durante pelo menos 20 minutos depois da seção de secador”, ensina. “Isso evita que o organismo do animal fique vulnerável a doenças respiratórias”.

Atchim: pode ser gripe

Assim como os humanos, os cães também podem sofrer com problemas respiratórios nos meses de frio e ar seco. Causados por vírus ou bactérias, esses quadros apresentam sintomas semelhantes ao de qualquer resfriado – tosse, espirros, febre, falta de apetite e coriza – e são chamados de tosse dos canis ou traqueobronquite. “Essas doenças podem ser causadas pelos vírus parainfluenza e adenovirus tipo 2, que não são transmissíveis ao homem e pela bactéria Bordetella bronchiseptica”, diz Quinzani. “Podem acontecer em qualquer época do ano, mas têm incidência aumentada durante o inverno, principalmente pelo ar mais seco e frio e aglomerações em hotéis e canis devido às viagens de férias”.

Para prevenir, o ideal é manter a vacinação em dia. Além da vacina anti-rábica e da múltipla, que previne contra cinomose, hepatite, leptospirose, parvovirose, coronavirus e parainfluenza, os animais podem receber proteção contra a tosse dos canis anualmente. “A prevenção pode ser feita a partir dos dois meses de vida”, pontua Quinzani. “Existem duas opções de aplicação, a dose única intranasal, na qual o liquido é colocado dentro das narinas do animal, ou pelo método injetável, que deve ser feito em duas doses.”

Outro perigo muito comum nessa época do ano e com a cinomose, virose que não tem tratamento, transmitida de cão para cão, devido às aglomerações de cães causadas pelas campanhas públicas de vacinações anti-rábica. “Para preveni-las devemos manter os cães vacinados e evitar aglomerações, principalmente com cães de origem desconhecida”.

Sempre em alerta

Quando as temperaturas caem, as chuvas diminuem e os gramados e pastagens ficam mais secas, as populações de carrapatos aumentam consideravelmente e o risco de viver uma infestação torna-se maior. Além do incômodo e da coceira, os carrapatos trazem juntos algumas doenças que podem ser letais para o animal de estimação e mesmo para o homem. “Erlichiose, Babesiose e Doença de Lyme são as mais comuns entre os cães. Já entre o homem temos a Febre Maculosa que podem chegar até a sua casa com os carrapatos trazidos pelo seu cão depois de um passeio no campo, parque ou mesmo na pracinha mais perto de sua casa”, alerta. “Por isso é preciso manter a prevenção, aplicando produtos adequados tanto no animal quanto no ambiente”, explica Quinzani.

Sabonete, shampoo, loção, spray, coleiras e pour-on, aquela pipeta que é colocada na nuca do animal, são algumas das opções que recheiam as prateleiras dos petshops prometendo prevenir o aparecimento de pulgas e carrapatos e eliminar os parasitas que possam existir. “Entre todas essas opções consideram-se as coleiras, sprays e os pour-ons como os mais eficientes. A eficácia do produto depende muito do principio ativo utilizado e da resistência a determinados produtos. É preciso estar atento porque muitos podem ser tóxicos”, alerta.

Fonte: Jornal de Vinhedo

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