Não é possível dizer com precisão se elas viviam escondidas entre os recantos verdes de Belo Horizonte, MG, se decidiram adotar a cidade como novo lar ou simplesmente estavam de passagem. Mas algo é certo: elas nunca tinham sido vistas na capital e hoje integram os registros de um povoado viveiro urbano.
Pesquisadores encontraram mais nove espécies de aves em BH. Ainda não há uma lista oficial desses seres que habitam o município mas, até o fim do ano, aquela que já foi chamada Cidade Jardim, pela diversidade da arborização, ganhará um inventário de suas aves. Biólogos já antecipam que a lista é extensa e deve conter cerca de 300 tipos desses animais.
As espécies inéditas em BH foram encontradas na Lagoa da Pampulha, no Parque das Mangabeiras e no Parque Roberto Burle Marx. Segundo o ornitólogo Gustavo Pedersoli, da instituição filantrópica Ecoavis Ecologia e Observação, as espécies foram descobertas durante observações, principalmente por meio dos sons que emitem. ”Costumo dizer que os melhores instrumentos de um descobridor de aves são os olhos e os ouvidos. Eles têm um canto bem característico. Cerca de 70% deles são identificados inicialmente pelo som. Foi assim que encontrei um deles no Parque das Mangabeiras”, conta.
Ele caminhava pelo maior parque de BH, quando ouviu um canto que ainda não havia escutado lá. ”Pensei: ‘Opa, esse é o som do estalador’. Depois, consegui avistá-lo. A boa notícia é que essa espécie é típica de áreas bem preservadas”, diz. Segundo Pedersoli, já foram registradas no Parque Mangabeiras a presença de pelo menos 180 espécies. ”Um dos fatores que mais contribuem para a diversidade de aves em um parque é a diversidade de ambientes: lagos, lagoas, fragmentos de mata, campos rupestres, espaços arborizados, pastagens, etc”, explica. No Parque Lagoa do Nado, em que há uma variedade de ambientes, já foram registradas 112 espécies, como a lavadeira mascarada, a casaca de couro da lama e o pica-pau do campo.
Para conhecer as espécies que vivem em BH, a Ecoavis está finalizando um inventário das aves da capital. ”Já existem alguns levantamentos, mas não há nenhum oficial ou que abranja toda a cidade. Temos uma parceria com a Fundação de Parques Municipais. Eles permitem a nossa entrada nos parques nos melhores horários para pesquisa, quando normalmente não estariam abertos, e nós contribuímos com os nossos estudos”, relata. Segundo ele, o pico de atividades das aves, sendo também o melhor horário para pesquisa, é entre 6h e 9h e entre 16h e 18h.
Fonte: Uai