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ESTUDO

Inundações repentinas nos Alpes: como as mudanças climáticas estão potencializando tempestades de verão

Tempestades de verão intensas e rápidas estão aumentando nos Alpes, e um aumento de 2°C na temperatura pode dobrar sua frequência.

22 de junho de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Shutterstock

Em um novo estudo, cientistas da Universidade de Lausanne (UNIL) e da Universidade de Pádua analisaram dados de quase 300 estações meteorológicas nas montanhas e descobriram que um aumento de 2°C na temperatura regional pode dobrar a frequência desses eventos extremos.

Em junho de 2018, a cidade de Lausanne, na Suíça, registrou um episódio extremo de chuva: 41 milímetros de precipitação em apenas 10 minutos. Grandes áreas ficaram inundadas, causando danos estimados em 32 milhões de francos suíços. Atualmente, esses eventos breves, porém intensos – que costumam provocar destruição e colocar vidas em risco – ainda são raros na Suíça. No entanto, com o aumento das temperaturas devido ao aquecimento global, eles devem se tornar mais frequentes no futuro, especialmente nos Alpes e seus arredores.

O ar quente retém mais umidade (cerca de 7% a mais por grau) e intensifica a atividade de tempestades. Como a região alpina está aquecendo mais rápido que a média global, ela é particularmente afetada. Por isso, é urgente avaliar os impactos das mudanças climáticas nessa área.

Em um estudo publicado na revista npj Climate and Atmospheric Science (do grupo Nature), pesquisadores da UNIL e da Universidade de Pádua demonstraram que um aumento médio de 2°C pode dobrar a frequência de tempestades curtas e intensas no verão nos Alpes. Com esse aquecimento, uma tempestade que hoje ocorre a cada 50 anos pode passar a acontecer a cada 25 anos.

Metodologia e projeções

Para chegar a esses resultados, os cientistas analisaram dados de quase 300 estações meteorológicas nos Alpes europeus, distribuídas entre Suíça, Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles focaram em eventos recordes de chuva (com duração de 10 minutos a 1 hora) entre 1991 e 2020, além das temperaturas associadas a essas tempestades.

Com base nessas observações, desenvolveram um modelo estatístico que incorpora princípios físicos para relacionar temperatura e frequência de chuvas extremas, simulando seu comportamento futuro com base em projeções climáticas regionais.

“Nossos resultados mostram que um aumento de 1°C já seria altamente problemático”, alerta Nadav Peleg, pesquisador da UNIL e principal autor do estudo. “A chegada repentina de grandes volumes de água impede que o solo absorva o excesso, podendo desencadear enxurradas e deslizamentos de detritos, danificando infraestruturas e, em alguns casos, causando vítimas”, explica. “Por isso, é crucial entender como esses eventos evoluirão com as mudanças climáticas para planejar estratégias de adaptação, como melhorar a infraestrutura de drenagem urbana onde necessário.”

Francesco Marra, pesquisador da Universidade de Pádua e coautor do estudo, complementa: “Um aumento de 1°C não é hipotético – é algo que provavelmente ocorrerá nas próximas décadas. Já estamos vendo uma tendência de tempestades de verão mais intensas, e essa situação só deve piorar nos próximos anos.”

Traduzido de Science Daily.

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