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INVASÃO

Interação com seres humanos ameaça sobrevivência de cervos

20 de novembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

A expansão das cidades e a proximidade das pessoas e animais domésticos das matas selvagens vem preocupando especialistas que acompanham os cervídeos e advertem para um aumento significativo nos casos de morte precoce entre os cervos e os veados no Brasil.

Por serem animais muito sensíveis, ao sofrer um forte estresse como ser resgatado ou capturado, essas espécies reagem com uma ‘miopatia de captura’, que é um mecanismo de fuga dessas presas.

Essa reação é instintiva dos cervídeos e os ajuda a escapar de ataques de predadores e situações de perigo. Porém o esforço repetitivo causado pelo convívio com cães e outras situações não naturais do seu habitat, está comprometendo a longevidade dessas espécies.

“Os cães que invadem áreas verdes são normalmente aqueles que todo mundo cuida mas ninguém leva pra casa. E a questão dos cachorros nesse caso não está no ataque para se alimentar e sim na brincadeira que acaba causando certo desequilíbrio à vida selvagem. O veado é preparado para correr por curto intervalo de tempo. Essa habilidade é acionada quando ele está fugindo de predadores, como uma onça que após 100 metros já desiste de alcançar a presa, mas os cães têm outro tipo de estratégia, com uma perseguição contínua, para a qual os veados não evoluíram”, conta o professor José Maurício Barbanti Duarte, para o G1.

Segundo o Barbanti, que é docente do Departamento de Zootecnia da UNESP de Jaboticabal, a tentativa de captura desses animais, mesmo que por poucos minutos, já é suficiente para causar o distúrbio. “Se a captura de um animal em perigo não for feita rapidamente (em menos de 10 minutos), o ideal é suspender a operação. Mais tempo do que isso, já pode levar à miopatia de captura que pode resultar na morte do veado”, ressalta Maurício.

Esses animais são muito velozes e podem atingir até 70 quilômetros por hora enquanto fogem dos seus predadores naturais, mas com a ativação intensa da miopatia, faz com que o organismo deles não aguente o desgaste físico.

Atualmente no Brasil existem 8 espécies de cervídeos, sendo que 4 estão em risco de extinção: veado-campeiro, cervo-do-pantanal, veado-mão-curta e veado-mateiro-pequeno. A redução significativa do habitat desses animais silvestres por meio das queimadas e expansão das regiões metropolitanas é o principal fator de risco para continuação desses cervos.

Foto: Ilustração | Pixabay

Veado-catingueiro

Após 15 anos de pesquisa, o docente da UNESP, Maurício Barbanti descreveu uma nova espécie de cervídeo, o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira). “Em termos de características físicas, não existe uma diferença entre esses animais. O que faz dessa uma nova espécie é a estrutura cromossômica. Enquanto um tem cerca de 50 cromossomos, o outro tem 40. Essa diferença impede por exemplo que as espécies cruzem e se reproduzam. Ou seja, os híbridos são inférteis”, descreve o professor.

O veado-catingueiro tem pelagem longa e macia e pode chegar até 25 quilos e 1 metro de altura. O macho da espécie possui chifres e a fêmea tem tons mais claros. O filhote desse cervídeo é marrom com pintinhas brancas até os 2 meses de idade.

Avistados em matas ciliares, esse mamífero se alimenta de frutas, flores, folhas e até galhos, sendo espécie solitária, territorialista e muito abundante no Brasil. Porém atualmente sofre por um forte declínio em sua população por conta de altos índice de atropelamentos, caça ilegal e perda do seu ecossistema.

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