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ESFORÇOS DE PROTEÇÃO

Inteligência artificial é utilizada para monitorar espécie vulnerável de macaco

A IA permite que espécies sejam estudadas sem ser perturbadas

30 de dezembro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Charles J Sharp | Wikimedia Commons

Os macacos-aranha-de-Geoffroy vivem no alto do dossel das florestas tropicais e são difíceis de observar. Seu comportamento tímido torna desafiador para os cientistas monitorarem-nos e protegê-los de forma eficaz.

Para enfrentar esse desafio, a bióloga Jenna Lawson implementou uma solução inovadora em 2021. Ela posicionou estrategicamente 350 monitores de áudio na Península de Osa, na Costa Rica.

Os dispositivos capturaram os sons da floresta, permitindo que ela estudasse os macacos sem perturbá-los. Essa abordagem forneceu insights valiosos sobre seus movimentos e comportamentos.

Os dispositivos gravaram os sons da floresta por uma semana, acumulando uma enorme quantidade de dados. Ao alimentar esses dados em sistemas de inteligência artificial (IA) treinados para identificar os chamados dos macacos-aranha, os pesquisadores obtiveram informações que, de outra forma, levariam anos para descobrir.

Essa iniciativa impulsionada por IA tornou-se um dos maiores estudos acústicos da vida selvagem do mundo e revelou sinais preocupantes sobre a saúde dos habitats em que esses animais vivem.

“Eles são os mais sensíveis entre os primatas que temos aqui”, disse Lawson. “O macaco-aranha seria o primeiro animal a sair quando há sinais de problemas. Eles seriam os últimos a retornar após a restauração das florestas, pois precisam de florestas maduras, secundárias e primárias para sobreviver.”

Os macacos evitam áreas alteradas por humanos e dependem de florestas maduras, tornando-se indicadores sensíveis da saúde ambiental.

As descobertas revelaram que os macacos evitam estradas pavimentadas e plantações, indicando falhas nos corredores de vida selvagem criados pelo governo para expandir seu alcance.

O monitoramento acústico impulsionado por IA tem aplicações além do estudo de florestas tropicais. Por exemplo, poderia ajudar marinheiros a detectar sons de baleias em rotas de navegação, reduzindo o risco de colisões.

Essa tecnologia é transformadora porque permite que os cientistas estudem a vida selvagem sem interferir fisicamente em seus habitats, minimizando a influência humana no comportamento animal.

“Estamos reduzindo nossa influência sobre o comportamento deles. E também – eles não querem que estejamos aqui”, explicou Lawson.

O estudo foi publicado na Proceedings of the Royal Society B.

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