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TECNOLOGIA

Inteligência Artificial ajuda a desvendar pontos ocultos de tráfico global de animais silvestres em aeroportos

Combinando a tecnologia com ciência de redes, pesquisadores identificaram centros de tráfico não registrados e, agora, oferecem uma nova ferramenta para combater crimes ambientais

6 de junho de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Getty Images

Pesquisadores da Escola de Computação Avançada da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e da Universidade de Maryland, College Park, ambas dos Estados Unidos, demonstraram como a inteligência artificial e a ciência de redes podem ajudar autoridades e organizações de conservação a combater o comércio ilegal de vida selvagem, identificando centros de tráfico, mesmo em aeroportos anteriormente sem sinalização e antes que os incidentes sejam relatados.

A pesquisa expande um trabalho anterior feito por Aaron Ferber, ex-aluno da USC e agora pesquisador de pós-doutorado na Universidade Cornell. Ele desenvolveu um modelo de IA para prever fluxos de animais selvagens comercializados ilegalmente.

Também engloba uma grande iniciativa internacional em andamento chamada Operação Pangolin, que reúne tecnologia de sensores de ponta, big data, IA e ciência de conservação interdisciplinar para combater o roubo a uma das espécies mais traficadas do mundo.

A partir daí, os pesquisadores utilizaram um modelo preditivo para analisar características de quase 2.000 aeroportos globais. Ao final, foram indicados 307 aeroportos como potencialmente envolvidos no comércio ilegal de vida selvagem, apesar de não haver apreensões registradas nos dados disponíveis.

Destes, 11 emergiram como “pontos críticos ocultos” de alta confiabilidade. Dois deles são americanos, o Aeroporto Internacional de Dallas Fort Worth e o Aeroporto Internacional de Denver, e os demais ficam na China, na Indonésia, na Itália, no México e nas Filipinas.

Aeroportos observados no comércio ilegal de animais selvagens e sua centralidade. Foto: Communications Earth & Environment (2025)

No estudo, publicado na revista científica Nature, a equipe de pesquisa explicou que o modelo utilizou padrões em dados históricos de tráfico e insights atuais sobre as principais características do aeroporto – como a sua centralidade nas redes aéreas –, para identificar locais com provável envolvimento no comércio ilegal.

A incidência de crimes relacionados à flora em um aeroporto, juntamente com a força das medidas locais de combate ao tráfico ou de resiliência da aplicação da lei, também surgiram como preditores significativos.

“Essas descobertas podem capacitar os tomadores de decisão a fazer escolhas mais proativas sobre como prevenir o tráfico de vida selvagem, em vez das atuais abordagens reativas”, disse Hannah Murray, aluna de doutorado no Departamento de Ciência da Computação Thomas Lord da Universidade do Sul da Califórnia.

“O que sabemos vem de apreensões documentadas. Mas e os incidentes que não são detectados ou nunca são relatados? Nosso modelo oferece uma ferramenta para tornar visíveis esses padrões invisíveis”, acrescentou.

Segundo os pesquisadores, munidas dessas novas informações, as autoridades alfandegárias poderiam considerar iniciar ou aumentar a triagem de cargas e bagagens de mão nos aeroportos recém-sinalizados.

“As companhias aéreas que operam nesses locais também podem exigir que seus tripulantes concluam treinamentos anuais de conscientização sobre o tráfico de vida selvagem, como os oferecidos pela Associação Internacional de Transporte Aéreo”, observou Meredith Gore, professora e diretora de pesquisa no Departamento de Ciências Geográficas da Universidade de Maryland, College Park.

“Paralelamente, a comunidade de conservação poderia intensificar o engajamento com os setores de transporte aéreo e de passageiros na Oceania para apoiar a conscientização, o monitoramento e a melhoria da coleta de dados”, recomenda.

Fonte: Um só Planeta

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