A Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) lançaram a campanha “Alerta Vermelho” para combater a caça de boto-vermelho na Amazônia. Além de buscar assinaturas onlines, o movimento está recebendo doações, em dinheiro. O valor arrecadado deverá ser investido em ações de fiscalização. A carne do mamífero é utilizada como isca para a captura do peixe piracatinga. Estima-se que cerca de 2.500 botos são mortos todos os anos em decorrência da atividade de pesca no Amazonas.
De acordo com os institutos, a campanha busca mobilizar a sociedade por meio da internet. O site lançado no dia 20 deste mês, contém relatos sobre a ameaça e registros de caçadores. Na página, os visitantes poderão entender e apoiar a campanha.
A ação também busca mover as instituições locais para coibir e monitorar a matança indiscriminada dos botos. Segundo o diretor-executivo da Ampa, Jone César Silva, cerca de 7,5% da população de boto-vermelho – também conhecido como boto-cor-de-rosa – na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, é perdida anualmente. A porcentagem corresponde a cerca de mil animais da espécie, de acordo com o diretor.
“Queremos difundir a problemática que os botos vêm sofrendo nesses últimos anos. Queremos levantar recursos. Esse fundo serve para melhorar as ações do batalhão ambiental do Amazonas. Temos essa parceria. Queremos promover cursos de capacitação de resgate, além de financiar a compra de equipamentos de campos e motores para permitir melhores fiscalizações”, disse.
Outra meta da campanha é produzir uma petição online para antecipar o início da moratória que suspende a pesca da Piracatinga por cinco anos na região Amazônica. O documento, publicado no dia 21 deste mês, determina que a restrição da pesca entre em vigor a partir de janeiro de 2015. Segundo a Ampa, a antecipação evitara que nos próximos cinco meses milhares de botos sejam esquartejados para isca.
Matança
O boto-vermelho é utilizado como isca na pesca de um peixe chamado piracatinga, que no Brasil é comercializado com “douradinha”. A espécie de pescado se alimenta de carniça e gordura.
De acordo com a Ampa, em uma única pesca, cerca de 20 botos são abatidos. Pesquisadores apontam que a atividade pode levar a espécia a extinção em poucos anos.
Em 2011, foi criado, pela Ampa e Inpa/MCTI, um dossiê denominado Alerta Vermelho para servir como documento oficial do problema de conservação dos botos da Amazônia.
O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) investiga, desde junho de 2012, a matança de botos no Amazonas. Segundo o órgão, estudos mostram, que pelo fato de se alimentar de outros animais mortos, a piracatinga também tende a concentrar metais pesados e outros contaminantes, como o mercúrio.
Fonte: O Nortão / G1