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DESTRUIÇÃO

Instituto Butantan: desmatamento de mais de 6 mil árvores em área protegida gera indignação e investigações

13 de abril de 2025
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Complexo industrial do Instituto Butantan. Foto: Reprodução/SP2

O Instituto Butantan, renomado por sua contribuição científica, está no centro de uma polêmica ambiental. A expansão de seu complexo industrial na Zona Oeste de São Paulo prevê a derrubada de mais de 6,6 mil árvores, conforme ofício enviado ao Ministério Público. Essa ação tem gerado forte oposição de moradores e ambientalistas, que questionam a necessidade do desmatamento em área considerada patrimônio histórico do estado.

Expansão controversa

O projeto de ampliação visa aumentar a produção de vacinas, incluindo a construção de um restaurante, uma central de medicamentos e insumos, e a ampliação do setor de animais usados em pesquisas. No entanto, essas construções implicam na remoção significativa de vegetação nativa. O Ministério Público já recomendou a paralisação dessas atividades, devido à destruição de vegetação protegida e ao impacto negativo no patrimônio histórico.

Autorização questionável

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) concedeu autorizações para a supressão das árvores. Contudo, essas licenças são alvo de críticas por supostas irregularidades e falta de estudos de impacto ambiental adequados. Relatos indicam que o desmatamento continua, muitas vezes realizado de maneira discreta durante os fins de semana, aumentando a desconfiança da comunidade local. E mais: as supostas “licenças’ são feitas de órgãos do governo para atender o governo, sem uma ilibada consultoria independente. Em tempo de crise climática e aumento de poluição, como pode o governo pretender “acabar” com mais uma área verde, havendo inúmeros outros lugares para “expansão” e “infraestrutura de turismo” do Butantan? É a pergunta de ambientalistas e moradores do bairro, indignados com atitudes contra o meio ambiente.

Impacto ambiental e social

Ambientalistas alertam para os danos irreversíveis que o desmatamento pode causar, incluindo a perda de biodiversidade e o aumento do risco de enchentes devido à impermeabilização do solo. A área afetada é parte de um corredor ecológico vital que conecta diversas regiões verdes da cidade, essencial para a fauna local.

Conflito de interesses

A aprovação do Plano Diretor do Butantan pelo Condephaat também é controversa, pois foi elaborada pelo escritório de arquitetura de Carlos Augusto Mattei Faggin, então presidente do órgão responsável por autorizar tais obras. Essa sobreposição de funções, levanta questões sobre possíveis conflitos de interesse e a transparência do processo, já que Faggin responde há vários processos que “mancham” a integridade da Fundação e Instituto Butantan.

Posicionamento da comunidade

Moradores e coletivos ambientais, como a Rede Nosso Parque, manifestam-se contra o desmatamento e exigem que a expansão seja realizada em locais que não comprometam áreas verdes protegidas. Eles enfatizam que é possível aumentar a produção de vacinas sem destruir o patrimônio ambiental da cidade. A situação evidencia uma preocupante priorização do desenvolvimento industrial em detrimento da preservação ambiental. A falta de transparência e a possível negligência das autoridades competentes agravam a insatisfação pública. É imperativo que o Instituto Butantan e os órgãos reguladores reconsiderem suas ações, buscando alternativas que conciliem progresso científico, suposta obras para turismo, estacionamento e restaurantes, com respeito ao meio ambiente.

Fonte: Gazeta de Pinheiros

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