Uma ave oceânica da espécie Phaethon aethereus, conhecida como rabo-de-palha-de-bico-vermelho, foi solta hoje (03/12) pelo Instituto Albatroz, depois de 13 dias sob os cuidados da equipe de veterinárias e tratadores do Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da instituição, em Araruama. O animal, cujo nome científico significa “ave brilhante que está sempre voando”, foi resgatado pela equipe de campo do instituto no dia 20 de novembro, no forro de uma residência na praia do Foguete, em Cabo Frio (RJ). A soltura aconteceu na praia de Pernambuca, em Araruama.
No CRD, foram feitos exames e os cuidados com a ave foram prontamente iniciados. O animal apresentava desidratação e ectoparasitas (piolho). O Instituto Albatroz, que executa o Projeto de Monitoramento Praias da Petrobras em parte da Região dos Lagos, foi acionado pela Secretaria de Meio Ambiente de Cabo Frio, após o proprietário comunicar a ocorrência ao órgão. A população também pode acionar o PMP ao avistar animais marinhos encalhados nas praias da região, vivos ou mortos, pelo telefone 0800 991 4800.
O Phaethon aethereus – que exibe rabo característico, resultado de uma modificação das penas rectrizes, feita para auxiliar no direcionamento do voo, como um leme – é, atualmente, classificado como de “Pouco Preocupante” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
“No entanto, a espécie enfrenta ameaças de perda de habitat, predação por espécies invasoras e perturbações humanas, o que pode requerer uma reavaliação futura de seu status de conservação. Embora atualmente não esteja sob ameaça imediata de extinção, o estado de conservação de Phaethon aethereus merece monitoramento devido a potenciais ameaças antrópicas”, comenta a médica veterinária Daphne Goldberg, Responsável Técnica do Instituto Albatroz.
O Phaethon aethereus possui uma distribuição ampla, porém irregular, pelas regiões tropicais e subtropicais do Atlântico, Pacífico e Oceano Índico. Frequentemente, habita ilhas afastadas e atóis, onde nidifica em penhascos e costões rochosos remotos. Fora da temporada reprodutiva, essas aves são tipicamente oceânicas, passando longos períodos em mar aberto. A dieta da espécie consiste, principalmente, em peixes, lulas e pequenos crustáceos.
O Instituto Albatroz, que atua na Região dos Lagos desde 2014, recentemente inaugurou um Centro de Visitação em Cabo Frio e passou a executar o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, somando 25 praias espalhadas por 54 quilômetros de litoral. O monitoramento é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores.
Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama, também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são submetidos à necropsia para que a causa da morte seja determinada, quando possível.
O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
O Instituto Albatroz é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que desde 2003 trabalha em parceria com o poder público, empresas pesqueiras e pescadores para a conservação de albatrozes e petréis que se alimentam em águas brasileiras. O Instituto Albatroz coordena o Projeto Albatroz, que conta com bases em Cabo Frio (desde 2014), Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC) e Rio Grande (RS).
Fonte: Folha dos Lagos