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Inspiração: projeto salva e liberta vidas contando histórias

23 de janeiro de 2016
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Animais resgatados viram personagens de histórias bem contadas e que geram adoções. Descrição para deficientes visuais: Cadela branca com orelhas pretas e algumas manchas escuras no rosto está deitada num campo junto com três filhotes, dois pretos e um igual a ela. Foto: Projeto O Lobo Alfa
Animais resgatados viram personagens de histórias bem contadas e que geram adoções. Descrição para deficientes visuais: Cadela branca com orelhas pretas e algumas manchas escuras no rosto está deitada num campo junto com três filhotes, dois pretos e um igual a ela. Foto: Projeto O Lobo Alfa

Fátima ChuEcco/Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Uma história bem contada, uma foto bem tirada e uma adoção bem encaminhada. Essa é a receita do projeto O Lobo Alfa para protetores independentes ou ONGs conseguirem lares definitivos e, especialmente, adequados para os cães, gatos e outros animais resgatados. O Lobo Alfa tem 10 anos de existência e um site muito interessante, bem ilustrado e organizado que pode servir de inspiração para muitos protetores de animais.

Não funciona como ONG, não tem sede e nem abrigo, mas divulga histórias comoventes de animais que precisam de um lar em todo o Brasil. “O nosso site foi criado com o propósito de divulgar animais para adoção, ajudando a outros protetores e a ONGs de Minas Gerais. Posteriormente foi reformulado e hoje conta com 10 portais, que cobrem todo o território brasileiro, sendo os mais acessados o de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, diz Crispim Zuim, um dos membros do projeto.

A união de boas histórias com boas fotos pode fazer a diferença nos pedidos de adoção. Descrição: Quatro filhotes de cachorro estão sentados sobre mantas e todos usam belas gravatinhas e enfeitinhos na testa. São das cores marrom e marrom e preto. Foto: Projeto O Lobo Alfa
A união de boas histórias com boas fotos pode fazer a diferença nos pedidos de adoção. Descrição: Quatro filhotes de cachorro estão sentados sobre mantas e todos usam belas gravatinhas e enfeitinhos na testa. São das cores marrom e marrom e preto. Foto: Projeto O Lobo Alfa

“A ideia de um site de histórias surgiu depois de um anúncio que fizemos de um cachorro que havia sido jogado na rua pelos filhos de sua tutora, após o falecimento dela. Ele viveu meses pelas ruas, foi atropelado duas vezes e se curou sozinho, ficando com sequelas. Foi resgatado após o último atropelamento. Depois dessa história bem dramática, recebemos aproximadamente 50 telefonemas. Alguns queriam adotar e outros queriam apenas ter notícias dele”, conta.

A história bem contada resultou na adoção do sofrido cãozinho, mas também ajudou outros animais que estavam na fila de adoção: “Este cãozinho em especial foi rapidamente adotado e, como de costume, tentamos aproveitar o interesse para tentar `vender outros peixes` aos pretendentes. Conseguimos doar 10 cães na carona de apenas uma história bem contada. O mais curioso é que muitos daqueles pretendentes disseram que não estavam interessados em adoção porque já tinham outros cães em casa, mas haviam sido tocados tão fortemente por aquela história que resolveram abrir vaga para mais um animal em suas vidas. Entendemos, naquele episódio, que uma boa história poderia fazer muito mais que apenas dar uma segunda chance ao seu protagonista. Ela teria o poder de despertar e sensibilizar as pessoas para outros casos”.

Captar um olhar, um gesto, um momento pode deixar as fotos mais atraentes ou emotivas. Fotografar exige envolvimento. Descrição: Uma sequência de três fotos onde uma cachorrinha branca aparece atrás de uma parede, mostrando meio rosto, depois olhando para um pessoa que lhe estende a mão e finalmente olhando para a câmera. Foto: Projeto O Lobo Alfa
Captar um olhar, um gesto, um momento pode deixar as fotos mais atraentes ou emotivas. Fotografar exige envolvimento. Descrição: Uma sequência de três fotos onde uma cachorrinha branca aparece atrás de uma parede, mostrando meio rosto, depois olhando para um pessoa que lhe estende a mão e finalmente olhando para a câmera. Foto: Projeto O Lobo Alfa

O perigoso resgate por impulso

Crispim explica que um dos objetivos de O Lobo Alfa é também orientar os protetores de primeira viagem que, muitas vezes, resgatam sem estarem psicologicamente ou financeiramente preparados para essa tarefa. “Quem resgata pela primeira vez, às vezes, age no impulso e não tem apoio dos familiares e nem sobras no orçamento para assumir um animal necessitado de cuidados médicos. Então, se esta pessoa encontrar apoio e tiver ajuda num anúncio ou post para doação ou apadrinhamento daquele animal, ela se sentirá estimulada a novos resgates. Teremos aí despertado mais um protetor de animais. Se, ao contrário, essa pessoa não tiver apoio e o resgate se tornar um problema, terá sido o primeiro e último. E aí teremos perdido a oportunidade de ter mais um protetor nas ruas”.

Os animais deficientes têm suas trajetórias de vida contadas e necessidades assinaladas pata que a adoção não seja por mera compaixão ou impulso. Descrição: Cachorro adulto sem uma pata dianteira está de pé em três fotos. Ele é grande, marrom e branco. Foto: Projeto O Lobo Alfa
Os animais deficientes têm suas trajetórias de vida contadas e necessidades assinaladas pata que a adoção não seja por mera compaixão ou impulso. Descrição: Cachorro adulto sem uma pata dianteira está de pé em três fotos. Ele é grande, marrom e branco. Foto: Projeto O Lobo Alfa

Segundo Crispim, outro ponto a se considerar é que, “quando alguém adota um cão conhecendo a sua história, suas dores e sofrimentos, entenderá o tamanho da responsabilidade que assumiu”, daí a importância de contar bem a trajetória do animal. Ele acredita que quem adota apenas por compaixão pode se arrepender depois: “A experiência mostra que é só uma questão de tempo para recebermos de antigos adotantes, pedido de anúncio de seu resgatado por motivo de compaixão sem estar de fato comprometido com aquele animal”.

Santuário Vale dos Sonhos

Há dois anos o Projeto O Lobo Alfa abriu mais uma “janela” de atuação com a inauguração do Santuário Vale dos Sonhos – fazenda reflorestada com árvores frutíferas e preparada para receber animais silvestres, além de alguns animais de fazenda resgatados. “Hoje temos o título Asas do Ibama e recebemos animais apreendidos do tráfico. Nós os recebemos, recuperamos e os soltamos, lá mesmo, onde passam a viver. Depois monitoramos os animais já em liberdade, procurando registrar as reintroduções bem- sucedidas, os acasalamentos e o nascimento de filhotes livres”, explica.

Entre os pássaros acolhidos no Santuário do projeto O Lobo Alfa, Cicinho foi o que teve uma das histórias mais comoventes. Descrição: Pássaro branco e cinza claro está em três fotos sentado ao ar livre. Foto: Projeto O Lobo Alfa
Entre os pássaros acolhidos no Santuário do projeto O Lobo Alfa, Cicinho foi o que teve uma das histórias mais comoventes. Descrição: Pássaro branco e cinza claro está em três fotos sentado ao ar livre. Foto: Projeto O Lobo Alfa

Como o objetivo do projeto sempre foi contar histórias com força para sensibilizar possíveis adotantes e ajudar protetores, os animais do Santuário também ganham nomes e têm suas histórias publicadas.

“É preciso explicar que temos ciência do estágio evolutivo de cada espécie. Sabemos que animais silvestres não criam vínculos tão afetivos com humanos e agem mais movidos pelo instinto de sobrevivência e preservação. Entretanto, quando damos um nome a um animal desses e a ele atribuímos características e sentimentos essencialmente humanos, nós os aproximamos das pessoas e criamos empatia. Este tem sido o caminho para despertar e sensibilizar adultos e crianças”, comenta o ativista.

Cicinho e Bilico, dois pássaros que viviam em gaiolas e se tornaram amigos ao serem libertados. Descrição: Colagem com várias fotos em que aparecem um passarinho cinza e branco e outro marrom claro em campo aberto. Foto: Projeto O Lobo Alfa
Cicinho e Bilico, dois pássaros que viviam em gaiolas e se tornaram amigos ao serem libertados. Descrição: Colagem com várias fotos em que aparecem um passarinho cinza e branco e outro marrom claro em campo aberto. Foto: Projeto O Lobo Alfa

O Santuário não é aberto à visitação por recomendação do IBAMA para evitar ação de traficantes. “Também não divulgamos sua localização. Foi idealizado para produzir apenas histórias e também para fazer a diferença para aquelas vidas que ali chegam. Precisamos manter o local o mais livre possível da presença humana. Só assim os animais terão um ambiente verdadeiramente natural para viver. Temos histórias bem-sucedidas de mamíferos, muitas aves e até de répteis”.

Uma história inspira outra

A história do sabiá-laranjeira batizado de João, velhinho e quase cego, acolhido pelo Santuário, levou os tutores de outro pássaro chamado Cicinho a procurar o Projeto e pedir que libertassem a Patativa que teria nascido em cativeiro e estava há 20 anos na gaiola. Por sua vez, a história da Patativa solitária incentivou duas crianças a também soltarem o Bilico, um passarinho que haviam ganhado do avô. E mais uma história se formou: Cicinho e Bilico, dois pássaros saídos da gaiola, se tornaram amigos e se arriscaram num novo mundo, cercado de natureza, juntos. Emocionante! Cada uma dessas histórias é deliciosamente contada no site do Projeto O Lobo Alfa com muitas fotos. Dariam excelentes livros infanto-juvenis.

João foi um sabiá-laranjeira idoso acolhido pelo Santuário do projeto O Lobo Alfa. Descrição: Sabiá-laranjeira aparece sentado na terra, numa área livre. Foto: Projeto O Lobo Alfa
João foi um sabiá-laranjeira idoso acolhido pelo Santuário do projeto O Lobo Alfa. Descrição: Sabiá-laranjeira aparece sentado na terra, numa área livre. Foto: Projeto O Lobo Alfa

O Lobo Alfa está também no Facebook.

*É permitida a reprodução total ou parcial desta matéria desde que citada a fonte ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais com o link. Assim você valoriza o trabalho da equipe ANDA formada por jornalistas e profissionais de diversas áreas engajados na causa animal e contribui para um mundo melhor e mais justo.

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