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MUDANÇAS AMBIENTAIS

Insetos nativos da Nova Zelândia estão mudando de cor em resposta ao desmatamento; descoberta preocupa cientistas

Publicado na revista Science, estudo fornece um dos casos mais claros de evolução animal influenciada por ações humanas

27 de outubro de 2024
Redação Um Só Planeta
3 min. de leitura
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Espécie não tóxica (ao meio) copiando coloração da espécie tóxica (topo) para enganar predadores. Com desmatamento e sumiço de predadores, insetos assumiram tom mais claro (abaixo). — Foto: Graham McCulloch, Jon Waters, CC BY-SA

Uma nova pesquisa revela uma mudança preocupante nos insetos conhecidos como stoneflies (plecopteras) da Nova Zelândia, que alteraram sua coloração em resposta às mudanças ambientais causadas pelo ser humano. Publicado na revista Science, o estudo da Universidade de Otago fornece um dos casos mais claros de evolução animal influenciada por ações humanas.

professor Jon Waters, coautor do estudo, explica que esses insetos agora possuem cores diferentes devido ao desmatamento local, que levou ao desaparecimento de muitos pássaros predadores e também dos insetos venenosos, de tons mais escuros.

“Em regiões florestais naturais, essa espécie nativa desenvolveu cores ‘de advertência’ que imitam as de uma espécie florestal venenosa, enganando predadores que acreditam que elas também são tóxicas. Contudo, com a remoção das florestas, as espécies venenosas desapareceram. Assim, nas áreas desmatadas, a espécie mimetizadora abandonou essa estratégia, evoluindo para uma nova coloração”.

Cobertura florestal há 750 anos comparada ao presente: desmatamento impulsionado pelo ser humano na Nova Zelândia alterou as interações entre espécies em um sistema de mimetismo, levando à rápida evolução da coloração dos insetos. — Foto: Graham McCulloch, Jon Waters, CC BY-SA.

Há muito se debate se as atividades humanas estão impulsionando mudanças evolutivas nas populações naturais. Um exemplo famoso é a mariposa-salpicada do Reino Unido, que alterou sua coloração em resposta à poluição industrial no século XIX, embora esse caso tenha sido considerado controverso.

O Dr. Graham McCulloch, coautor da pesquisa, destaca que os humanos estão desestabilizando interações ecológicas que levaram milhões de anos para evoluir. Mas pondera que algumas das espécies nativas mostram resiliência e conseguem se adaptar.

“Este estudo é crucial, pois indica que, para algumas espécies nativas, há a possibilidade de adaptação às mudanças ambientais causadas pelo ser humano, mesmo que essas mudanças sejam rápidas”, acrescenta. Segundo os pesquisadores, o estudo serve como um alerta sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente e a capacidade de adaptação das espécies, sublinhando a importância de proteger os ecossistemas que ainda restam.

Fonte: Um Só Planeta

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