Uma voluntária de equoterapia faz denúncia ao órgão com apoio de uma ONG de Cotia
A Delegacia de Proteção aos Animais de Ribeirão Preto instaurou um inquérito para apurar denúncia de maus-tratos a cavalos praticados pela Polícia Militar. A denúncia foi feita por uma voluntária do programa de equoterapia, que diz ter presenciado, dentre outras coisas, violência contra um animal que resistiu ao uso de ferradura.
A denúncia foi feita à Polícia Civil por intermédio da ONG Rancho dos Gnomos, de Cotia (SP), que defende direitos dos animais. A Polícia Militar nega as agressões.
Segundo Silvia Pompeu, fundadora da ONG, a testemunha, que preferiu não dar entrevista, escreveu um e-mail no qual relata que as agressões foram praticadas na presença de alunos, professores e de pedreiros de uma obra.
Ela ainda conta que chegou a discutir com um policial depois de ver o cavalo apanhar de correia e que os policiais decidiram deixar o animal três dias sem comida para que ficasse fraco e não resistisse mais ao uso da ferradura.
Os relatos também apontam que a violência é corriqueira com os animais da cavalaria e que os policiais não teriam, na avaliação dela, preparo para o manejo dos animais. Os cavalos também dariam sinais de estresse por ficarem presos em cocheiras muito pequenas.
“Nós pedimos a averiguação. O animal é sempre a solução para achar drogas, ajudar nos resgates, para projetos como o da equoterapia, mas é desprezado, explorado, maltratado e a sociedade precisa saber disso”, disse Silvia.
Depoimentos
O delegado Norberto Bocamino afirmou nesta quarta-feira (22) que mandou ofício à Polícia Militar para que apresente a lista dos policiais que trabalhavam na cavalaria no dia em que a agressão ocorreu, no início de dezembro. De acordo com ele, o animal não passará por exames. O delegado disse ainda que vai convocar a testemunha para depor nos próximos dias.
“Para configurar maus-tratos, basta o depoimento de uma testemunha.”
ONG mobiliza leitores a cobrar investigação
A denúncia de maus-tratos a cavalos pela Polícia Militar em Ribeirão Preto mobilizou a sociedade civil organizada. A ONG Rancho dos Gnomos publicou em site uma nota sobre o problema e pediu para que as pessoas cobrassem apuração. Até o final da tarde de ontem mais de cem e-mails foram enviados para vários veículos de comunicação e para o delegado que cuida do caso.
“Pedimos a mobilização porque acreditamos no poder da imprensa”, disse Silvia Pompeu, da ONG.
O delegado Norberto Bocamino, que cuida do caso, disse que o inquérito havia sido instaurado antes das manifestações, mas que a participação é importante.
Fonte: Jornal A Cidade