Por Mariana Bettiol (da Redação)
Mais de 350 cães militares aposentados foram sacrificados desde 2009, revelam os dados.
O Ministério da Defesa assassinou 42 cães britânicos sob a justificativa deles apresentarem “comportamento perigoso” e 27 por desenvolverem problemas de saúde relacionados ao câncer. A maioria, 117 cães, foi morta devido à “idade e bem-estar”, enquanto 76 tinham artrose. As informações são do Daily Mail.
Quatro foram mortos em combate no Afeganistão e o quinto foi sacrificado devido aos graves ferimentos ocasionados em um acidente de carro.
Parlamentares e ONGs de animais desaprovaram a ação e pediram ao Ministério da Defesa para garantir que a matança não mais aconteça.
A membro do parlamento, a democrata liberal Tessa Munt, disse estar “genuinamente chocada”.
Ela acrescentou: “Quando o Ministério da Defesa investe milhões em dinheiro dos contribuintes na formação destes animais, parece lamentável que o seu bem-estar não seja levado tão a sério. Isso é preocupante”.
“Eu sempre acreditei que a maneira como as pessoas tratam os animais diz muito sobre elas, e espero que a divulgação desses dados para o público leve a um maior planejamento e a uma abordagem mais compassiva no futuro”.
Esses dados foram divulgados semanas após a notícia sobre os dois cães de guarda da RAF (Força Aérea Real) sair, cães que defenderam o príncipe William e que foram mortos dias depois que ele deixou o serviço.
O Pastor Belga Brus e o Pastor Alemão Blade foram mortos logo após William ter deixado a RAF na ilha de Anglesey, no País de Gales.
Quando a história surgiu, o Ministério da Defesa concordou em rever a sua política para garantir que um veterinário e um adestrador experientes estejam envolvidos em cada decisão sobre a vida de um cão.
A porta-voz do ministério acrescentou ainda que mais 419 cães foram realocados entre Janeiro de 2009 e Junho deste ano.
Um porta-voz da Dogs Trust, a maior instituição de caridade que trabalha no realocamento de cães no Reino Unido, disse que a maioria dos cães ex-militares não poderiam ser realocados para o convívio com famílias devido ao seu passado. Entretanto, aposentá-los e deixá-los sob a guarda de um especialista é uma opção. Infelizmente a Dog Trust também recomenda que estes cães sejam repostos em outras atividades de trabalho, o que daria continuidade para a exploração que já receberam por toda a vida nas Forças Armadas.
“A Dogs Trust se opõe à prática da eutanásia de cães aposentados ou que não são mais capazes de exercer suas funções. Nós encorajamos a adoção por especialistas e programas de aposentadoria”, disse o porta-voz.
Neil Parish, Ministro do Parlamento da Tiverton e Honiton e presidente do Grupo Parlamentar Associate Parliamentary Group for Animal Welfare, disse: “Os cães utilizados em nossas forças armadas demonstram compromisso com seus companheiros e bravura em sua jornada diária de trabalho e, sem dúvida, salvam a vida de inúmeros militares”.
“Temos o dever de cuidar de seu bem-estar tanto real, quanto militar”.
Ele também pediu uma investigação para averiguar a causa das práticas de “eutanásia” para os 117 cães que foram mortos devido à “idade e bem-estar”.
Parish acrescentou: “O governo afirmou que não há um tempo determinado para que um cachorro seja mantido enquanto um lar adequado é procurado para ele, e espero que o Ministério da Defesa tenha isso em mente”.
De acordo com os números apresentados, 68 cães foram mortos em 2009, 117 em 2010, 84 em 2011 e 71 em 2012. Trinta deles foram mortos entre janeiro e julho deste ano.
David Amess, ministro pela Southend West, disse que os números divulgados levaram muitos a questionar os motivos por trás dessa política.
O Ministério da Defesa disse que “todos os esforços” foram feitos para que os cães fossem realocados, mas as doenças causadas pela idade avançada forçaram a eutanásia para alguns deles.
A porta-voz ainda acrescentou que o Ministério da Defesa tem o dever moral e legal de garantir o bem-estar dos animais que lida, entretanto, não negou que aqueles que não forem realocados para famílias adotantes poderão ser mortos após a aposentadoria.
Segundo ele, “nós anunciamos em Setembro que iríamos rever a nossa política já existente para garantir a coerência em nossas decisões”.
“Os cães militares desempenham um papel inestimável na linha de frente de batalha, ajudando a salvar as vidas de nossas forças armadas e dos residentes locais no Afeganistão.”
“Aos cães é oferecido a máxima proteção possível e seus companheiros são treinados especialmente para minimizar os riscos que os cães enfrentam no desempenho de suas tarefas.”
Nota da Redação: Não é somente um absurdo o assassinato de cães por não “servirem” mais aos propósitos das Forças Armadas, como também é a sua exploração nas atividades descritas pela matéria. Eles não são “companheiros” dos soldados, mas instrumentos utilizados para a proteção dos humanos – isso significa que eles devem, portanto, se expor à riscos extremos que nenhum humano se atreveria.