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MOBILIZAÇÃO

Influenciadores marroquinos lançam campanha para acabar com o extermínio de cães em situação de rua no país

O movimento surge em resposta à recente decisão das autoridades de intensificar o massacre de cachorros abandonados antes da Copa Africana de Nações de 2025 e da Copa do Mundo de 2030, que serão sediadas no Marrocos.

21 de abril de 2025
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Zakaryaa Nani, influenciador que iniciou a campanha. Foto: Reprodução

Em um movimento em defesa dos direitos animais, influenciadores marroquinos lançaram uma campanha nacional com o objetivo de acabar com o massacre de cães em situação de rua no Marrocos. A iniciativa ganhou grande repercussão nas redes sociais.

A campanha não apenas denuncia a crueldade contra os cães abandonados, mas também convoca os cidadãos marroquinos a se unirem à causa para pressionar o governo a adotar soluções mais humanas no manejo da crescente população de cachorros em situação de rua no país.

A mobilização surge em resposta à recente decisão das autoridades de intensificar o massacre desses animais antes da Copa Africana de Nações de 2025 e da Copa do Mundo de 2030, que serão sediadas no Marrocos.

A iniciativa utiliza a hashtag #لا_لقتل_الكلاب (“Não ao abate de cães”) e pede que usuários marroquinos das redes sociais compartilhem a mensagem para ajudar a interromper os assassinatos.

“Cães inocentes não devem ser mortos”, disse um influenciador digital, acrescentando que essa prática já era comum, mas se intensificou com a aproximação dos dois grandes eventos esportivos.

Situação dos direitos animais no país

Relatórios têm alertado para a crueldade generalizada contra animais no país, incluindo envenenamento, tiros e armadilhas contra cães em situação de rua — práticas que continuam a ser registradas em várias cidades marroquinas.

Sociedade Marroquina para a Proteção dos Animais e da Natureza (SPANA) estima que a população de cães abandonados no Marrocos ultrapasse 2 milhões. O alto número, somado à falta de recursos e infraestrutura para lidar com essa situação, torna o manejo desses animais um problema complexo.

Globalmente, a castração tem se mostrado uma das formas mais eficazes e humanas de reduzir, a longo prazo, a população de cães em situação de rua. No entanto, no Marrocos, esses programas são subfinanciados e pouco implementados. Organizações de proteção animal pedem que o governo invista mais em clínicas de esterilização e abrigos para resolver as causas do problema.

Iniciativas locais e desafios

Apesar do cenário preocupante, nos últimos anos surgiram projetos para proteger os animais e promover seu bem-estar. Em cidades como Tânger, Casablanca e Marrakech, ONGs locais e voluntários criaram abrigos que oferecem cuidados, reabilitação e serviços de adoção para animais abandonados.

Porém, esses abrigos geralmente sofrem com falta de verba, superlotação e incapacidade de atender à demanda. De acordo com a SPANA, atualmente existem apenas 14 abrigos para animais no Marrocos — um número insignificante perante os mais de 2 milhões de cães abandonados que precisam de ajuda.

Segundo a ONG Voiceless Animal Cruelty Index, o Marrocos tem um desempenho muito ruim (“F”) no Índice de Proteção Animal (API), e sua legislação sobre proteção de animais de criação recebeu a pior avaliação (“G”).

A entidade ainda ressalta que, no país, “poucas regulações abordam a criação, o transporte e o abate de animais de fazenda, e celas de parto, gaiolas para porcas e outros confinamentos não são proibidos”.

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