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Indústrias de carne e laticínios gastam mais com marketing do que com medidas para enfrentar a crise climática

26 de julho de 2024
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Grandes empresas de carne e laticínios estão gastando mais em estratégias de greenwashing do que em buscar soluções reais para a crise climática, segundo um novo relatório. Essas empresas têm contratado consultores de relações públicas que anteriormente ajudaram indústrias de petróleo e tabaco para desenvolver táticas de marketing enganosas.

A ONG de sustentabilidade Changing Markets Foundation analisou as práticas de 22 grandes empresas de carne e laticínios, revelando estratégias para evitar ações climáticas concretas. Entre as táticas identificadas estão campanhas publicitárias enganosas direcionadas à Geração Z (jovens de 18 a 29 anos), que tendem a se preocupar mais com a crise climática e a saúde.

Este estudo é mais um que mostra como a indústria de carnes e laticínios tem adotado práticas das indústrias de petróleo e tabaco para proteger seus negócios. Em março, a Freedom Food Alliance divulgou um relatório sobre o uso de informações falsas e desinformação por essas empresas para moldar a opinião pública e influenciar políticas. Em 2021, um estudo revelou que todas as 10 maiores empresas de carne e laticínios dos EUA tentaram minar políticas climáticas.

O relatório da Changing Markets Foundation destaca que essas empresas estão mais preocupadas em aparentar ser saudáveis e sustentáveis do que em realmente adotar práticas ecológicas. Em média, elas investem apenas 1% de suas receitas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e ainda menos em pesquisas sobre sustentabilidade.

Dados específicos mostraram que Fonterra, Nestlé e Arla gastaram mais em publicidade do que em P&D. A JBS, com receita anual de US$ 69 bilhões, detalhou que investe US$ 20 milhões por ano em esforços relacionados ao clima, enquanto seu orçamento anual de publicidade e marketing é de US$ 319 milhões.

O greenwashing e a publicidade enganosa dessas empresas desviam a atenção da falta de ação climática, utilizando influenciadores e marketing em mídias sociais para promover uma imagem favorável ao clima e saudável de seus produtos.

Em 2022, a Dairy Farmers of America lançou uma campanha digital e nas redes sociais, em colaboração com o YouTuber Sean Evans, para promover os laticínios como sustentáveis. A Dairy Management Inc também utilizou o YouTuber Mr Beast em uma campanha para promover laticínios, com a participação da empresa de RP Edelman, conhecida por trabalhar com indústrias de combustíveis fósseis e tabaco.

Alguns reguladores e legisladores começaram a combater o greenwashing corporativo. No Reino Unido e na UE, empresas têm sido multadas por alegações enganosas sobre seus produtos. A indústria de laticínios irlandesa foi recentemente obrigada a retirar um anúncio que fazia alegações infundadas sobre a sustentabilidade do leite. Nos EUA, o estado de Nova York está processando a JBS por afirmar que atingirá emissões líquidas zero enquanto planeja expandir sua produção de carne bovina.

Essas ações mostram que a fiscalização sobre práticas enganosas está aumentando, forçando as empresas a serem mais transparentes e responsáveis em relação às suas práticas ambientais.

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