Antes de coletar a chicaba, as mulheres indígenas do povo Cinta Larga cantam e dançam ao redor das árvores pedindo autorização dos espíritos da floresta amazônica. Só depois retiram sua mais valiosa matéria-prima para criar um artesanato único às margens do Rio Roosevelt, em Espigão D’Oeste, no sul do estado de Rondônia (RO). Mas, nos últimos anos, a permissão ancestral tem vindo acompanhada de sinais de alerta causados pela crise climática.
“A chicaba é uma das nossas identidades. Só que, com essa mudança de clima, a gente está perdendo ela”, conta Carina Cinta Larga. Fruto de árvore rara na região, a chicaba não é comercializada, mas sua casca tem valor ancestral. Aos 34 anos, a artesã e líder indígena diz que os indícios do clima estão cada vez mais evidentes. “Muitas vezes, a gente vai à floresta e não encontra as sementes. E, quando acha, é de outra maneira, elas não são saudáveis como antes. E aí não dá para utilizar para o artesanato”, afirma.
No território Roosevelt, o calor aumentou, a umidade diminuiu, a chuva está irregular e os incêndios são mais frequentes, o que afeta também a retirada de provimentos da floresta para o autossustento. “O nível do rio baixou e agora temos que caminhar mais para conseguir água e comida. Fizemos um reflorestamento para tentar aproximar árvores de casa, mas perdemos as mudas por causa da seca e das queimadas. As mudanças de clima estão trazendo um grande impacto”, explica Carina.
Até mesmo a sabedoria ancestral tem sido adaptada. É o caso do calendário de plantio de raízes como batata e mandioca, que não funciona mais. “Nossos anciãos tiveram que mudar a tabela. A chuva vem mais cedo ou mais tarde, não há certeza. Muitas vezes, a gente planta e perde tudo”, diz ela.
A Amazônia que muda
A nova realidade na região é o sintoma de um bioma em degradação. Só no ano passado, o desmatamento fez a Amazônia perder 1.245 hectares por dia — cerca de oito árvores por segundo. A pior seca em 125 anos aumentou a área queimada total para 10 milhões de hectares, 36% a mais do que em 2022 — mais um duro golpe considerando que 82,7 milhões de hectares do bioma foram queimados pelo menos uma vez entre 1985 e 2023.
A estiagem histórica, intensificada pelas mudanças climáticas, também resultou na redução da superfície de água. E isso é ainda mais preocupante considerando que 77% das áreas de garimpo na Amazônia estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água. Especialistas dizem que a floresta está liberando quase o mesmo carbono que consegue absorver. Há preocupação de que, se a degradação persistir no ritmo atual, quase metade da Floresta Amazônica pode entrar em um processo de colapso até 2050.
Há outras projeções tão ou mais alarmantes. Nos próximos 30 anos, pode haver um declínio de 91% nas áreas climaticamente adequadas ao extrativismo no bioma. Com o clima 1,2°C mais quente do que na época pré-industrial (1850-1900), as secas serão 10 vezes mais prováveis. E, até 2100, 30 milhões de brasileiros sofrerão impactos por estresse térmico somente por conta da degradação da Amazônia.
“A situação na Amazônia é crítica, com alta degradação e uma estação de seca mais longa e severa. Para evitar o ‘ponto de não retorno’, é preciso parar o aquecimento global, zerar o desmatamento, restaurar as florestas e criar uma nova forma de bioeconomia baseada nos gigantescos potenciais da sua biodiversidade”, destaca o cientista Carlos Nobre, referência mundial em climatologia.
Protagonismo feminino
Se a “Mãe Natureza” sofre, é justamente o olhar de mãe que traz esperança aos Cinta Larga. Carina conta que, ao circularem pelo território para cuidar da família e coletar sementes para o artesanato, as mulheres acabam adquirindo uma ampla compreensão do que o povo precisa. E, desde 2019, essa visão também ganhou voz com a criação do coletivo Wanzeej Pakup Pit, que significa “mulheres guerreiras”, em português.
Entre os objetivos do grupo, que conta com cerca de 60 mulheres, está fortalecer o protagonismo e a autonomia feminina. Elas não estão sozinhas e contam com suporte do projeto Nossa Floresta Nossa Casa, idealizado pela ONG Forest Trends com apoio de Greendata, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e Parceiros pela Amazônia (PPA). A rede de parceiros tem atuação ampla na região, viabilizando a estruturação de cadeias produtivas, formações em governança econômica territorial e articulação de parcerias comerciais com base nos valores de cada povo indígena.
Na prática, a consolidação do Wanzeej Pakup Pit trouxe conexão e troca de conhecimento entre as aldeias, impulsionou a produção de biojoias, como colares, pulseiras, brincos, cestarias e redes, e resultou na criação de um catálogo para os produtos, o que ampliou a visibilidade e abriu portas para novos mercados. Também provocou cenas incomuns na aldeia, como os homens cuidando da cozinha enquanto as mulheres discutem negócios.
O maior protagonismo das mulheres ainda levou à construção de um protocolo biocultural para apoiar a gestão coletiva do artesanato e servir como referência para o diálogo entre indígenas e parceiros externos. O documento está em fase final de validação — esse tipo de instrumento de governança é reconhecido pelo Marco da Biodiversidade desde 2015.
Suellen Mangueira, coordenadora de assistência técnica e extensão rural da Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends, pontua que a construção coletiva do protocolo foi muito rica. “Em um mundo tão preconceituoso e que desvaloriza muito a cultura ancestral, as mulheres foram ouvidas, valorizadas e se viram fortalecidas”, destaca.
Outro efeito tem sido um cuidado ainda maior com a floresta. Segundo Carina, os encontros de mulheres têm servido para troca de mudas e sementes entre aldeias, com o intuito de plantar mais perto de casa as fontes de alimento e matéria-prima para o artesanato. “Como mãe, isso me fortalece muito, pois, no futuro, minhas filhas vão ser as lideranças. Nossa luta é para proteger o que temos e repassar isso às próximas gerações”, afirma.
“Não temos mais a dança da chuva”
Sentado à sombra de uma árvore imensa no centro da Aldeia Mauira, no território indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), o cacique José Mopiraneme Suruí, 46 anos, vence a timidez para revelar o maior sonho da família de sete irmãos: fazer chocolate.
O sonho começou em 2014, com apoio da Forest Trends, para fortalecer atividades produtivas, garantir renda e contribuir com a preservação da região. Além de orientação e assistência técnica, houve cursos sobre práticas sustentáveis e doação de mudas de cacau para as novas áreas de plantio por meio de sistema agroflorestal.
Também foram articuladas parcerias com empresas chocolateiras. Além de melhorar a qualidade das amêndoas de cacau e garantir a compra da produção, os parceiros têm ajudado com investimento em infraestrutura na região do Mosaico Tupi, que abrange oito territórios indígenas em Rondônia e Mato Grosso, totalizando 1,5 milhão de hectares e abrigando cerca de 6 mil indígenas de 21 povos.
“Fizemos um trabalho de fortalecimento de iniciativas ligadas a quatro cadeias de valor prioritárias estratégicas: castanha, cacau, açaí e artesanato. E passamos a criar condições para que essas cadeias pudessem se desenvolver e se estruturar até chegar aos mercados de forma a assegurar as melhores práticas de governança territorial”, salienta Marcio Halla, diretor da Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends.
No caso da Aldeia Mauira, a estruturação sedimentou uma produção sustentável no meio da floresta amazônica e trouxe preços mais vantajosos para o cacau. Mas, recentemente, algo que foge ao controle começou a se intensificar na região: as alterações no clima.
“Houve uma safra muito boa em 2018, que animou. Mas, em 2022, 70% do nosso cultivo foi perdido por causa da seca. Neste ano, a falta de água novamente afetou toda a produção. Isso preocupa porque o cacau traz renda para sobrevivermos. E hoje não temos mais a dança da chuva”, lamenta o cacique, sem perder o bom humor.
Um estudo feito por pesquisadores brasileiros de cinco universidades apontou o cacau como uma das culturas cujas áreas climaticamente adequadas na Amazônia sofrerão declínio nos próximos 30 anos. Há risco de queda na produção e maior dificuldade de manejo por conta, em especial, das variações de chuva e temperatura.
O cacique conta que, há 40 anos, a época de chuva nunca falhava. “Hoje em dia, o clima é bem diferente. Tem pouca chuva e o calor é mais forte, dá para sentir na pele. E o cacau é muito sensível. A gente não esperava o que está acontecendo hoje nas lavouras. Sem água, não tem mais como produzir tranquilo. Ter irrigação artificial virou a saída, o problema é que custa muito caro”, pondera.
A implantação do sistema é ainda mais complexa por fatores como a dificuldade de os indígenas obterem crédito, apesar da recente inclusão dos povos originários no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “Sabemos da nossa capacidade, o que depende de nós está sendo feito, mas precisamos de água. Não queremos dinheiro para ficar milionários”, enfatiza o cacique.
Apesar da incerteza, José confia na força dos Mauira e da própria floresta para o sonho da família prosperar. “Aqui a gente planta cuidando da floresta e sem desmatar. Acredito que vai haver uma solução. Não vamos desistir do sonho de produzir chocolate”, garante.
Etnoturismo, artesanato e cura na floresta
É sob a copa de árvores como uma castanheira gigante que uma iniciativa indígena aposta na mescla entre conhecimento ancestral e integração com a natureza para proteger a floresta e resistir às mudanças climáticas. Uma placa fixada a um portal construído no meio da mata sinaliza a entrada do Centro Olawatawah, que significa “lugar de cuidar de mim”.
O espaço abriga quatro vertentes da Aldeia Napidjan, no território indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO). A primeira é a preservação de 48 espécies de plantas usadas na medicina tradicional do povo. Também há a promoção do etnoturismo, com espaço para hospedagem e atividades culturais na aldeia, que têm atraído, principalmente, visitantes de outros países. A terceira é a agricultura familiar, para garantir alimentação. Por fim, há o artesanato feito pelas mulheres Paiter Suruí, que produzem de biojoias a cestarias, cerâmica e outros artefatos.
“A gente vê o centro como um arco e flecha, porque ele está esticado para o futuro. Ele nasceu de uma ideia que mescla a preservação cultural e a geração de renda. O trabalho é focado em desenvolvimento sustentável, ou seja, manter a nossa floresta em pé e garantir retorno através disso. Mas seu impacto é muito maior para nós, chegando à saúde, educação e alimentação”, explica Naraiamat Suruí, 38 anos, coordenador do Olawatawah.
A estruturação e expansão do local se deu através de parceiros nacionais e internacionais. Naraiamat conta que o centro tem assegurado qualidade de vida aos indígenas enquanto protege a natureza.
No refúgio, os principais sinais da crise climática são o calor mais forte, as chuvas irregulares e a falta de matéria-prima para produzir artesanato. “Temos procurado plantar as árvores mais perto da aldeia, pois a gente não encontra mais algumas sementes. Há árvores que não estão produzindo mais como antes porque o clima está diferente”, conta a artesã Eloísa Ymaio Suruí, 29 anos.
Ela afirma que o apoio do projeto Nossa Floresta Nossa Casa tem sido importante para abrir novas oportunidades de negócio. Cita como exemplos a realização de oficinas, a articulação de parcerias e a criação de um catálogo dos produtos. “A gente tinha dificuldade para conseguir vendas, mas as oficinas ajudaram. Hoje, temos até venda online. O selo de certificação de origem também foi muito importante”, pondera.
Para Naraiamat, a ação coletiva é o único caminho para conter a crise global. “Um dia, o nosso planeta não vai ter mais forças para tantos desastres. E como a gente vai plantar e comer? É preciso uma visão diferente. Entender que a floresta é viva e pode curar a gente. E isso não cabe só aos povos indígenas. É uma luta de todos”, destaca.
Reflorestamento para proteger a ‘casa’
Ao viajar pela região do Mosaico Tupi, nos estados de Rondônia e Mato Grosso, a equipe de reportagem de Um Só Planeta pôde perceber que há mais árvores e menos calor próximo aos territórios indígenas. No entorno das áreas demarcadas, contudo, a paisagem é repetitiva: pasto seco, gado solto e raras áreas de sombra. Não à toa, os povos indígenas são considerados “Guardiões da Floresta”, dado à proteção que garantem contra atividades ilegais em seus territórios.
Diante de uma realidade de desmatamento frequente que avança sobre as Terras Indígenas (TIs), alguns povos têm se articulado para tentar recuperar a floresta. É o caso dos Zoró, que vivem em Rondolândia (MT). Nos últimos três anos, utilizando a técnica de semeadura direta também conhecida como ‘muvuca’, o povo Zoró, em parceria com a Forest Trends e Rede de Sementes do Xingu, iniciou a recuperação florestal de cerca de 200 hectares. As sementes são colhidas no próprio território por meio de uma articulação que envolve 32 aldeias.
“No ano passado, muitos plantios que fizemos morreram por falta de água. O rio secou acima do normal e a quantidade de peixes caiu. Essas mudanças climáticas preocupam muito porque a floresta é nossa casa. Por isso, reflorestar é importante, para que esse tesouro continue perto das nossas aldeias”, afirma Ademir Ninija Zoró, que preside a Cooperativa de Produção do Povo Indígena Zoró (CooperApiz).
Criada em 2021, a cooperativa hoje reúne 52 produtores de sementes. Um dos passos mais sólidos desde então foi a construção de uma sede no território para processar e beneficiar a castanha-do-brasil. A produção é vendida graças a um contrato firmado com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que a destina ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A formalização abriu oportunidades como gerar renda com outros tipos de sementes e o reflorestamento. Desde o início da iniciativa, a Forest Trends já comprou 20 toneladas de sementes da comunidade e três ‘muvucas’ já foram feitas. O trabalho ainda inclui oficinas para aprimorar a coleta e o armazenamento.
O Um Só Planeta esteve no território Zoró no dia de compra das sementes para uma nova ‘muvuca’ e presenciou o envolvimento — e entusiasmo — da comunidade. Após ajudarem no carregamento dos sacos para pesagem e pagamento, os indígenas começaram a se articular para a coleta de 1.800 quilos de 41 diferentes espécies para o próximo ciclo.
A ampliação da área preservada também tem espalhado outra semente empreendedora entre os Zoró: a oportunidade de transformar a recuperação da floresta em renda. Uma recente pesquisa da WRI Brasil destaca a viabilidade disso e prevê uma adição de R$ 40 bilhões anuais ao Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia até 2050 através de atividades como a conservação de ativos naturais e o fortalecimento da bioeconomia.
“Quando há desmatamento, a gente vê o rio secando e outros problemas. E não queremos que isso ocorra porque somos guardiões da floresta. A coleta de sementes tem sido boa para o nosso povo, porque aqui tem muitas. Com certeza podemos coletar muito mais se houver apoio e parceiros para valorizar”, prevê Ademir.
O papel dos negócios indígenas
Além de valorizar a floresta em pé, o apoio a iniciativas econômicas nos territórios indígenas é uma forma de os povos obterem renda para sobreviverem e enfrentarem um cenário de intensa pressão na Amazônia, agravado por fatores como expansão da agropecuária, desmatamento, violação de áreas protegidas, garimpo e extração ilegal de madeira.
Mas a consolidação disso ainda tem obstáculos como o preconceito, alimentado por falsas crenças de que os indígenas não devem se formalizar nem usar tecnologias. “Há um preconceito com o negócio indígena, esbarramos o tempo todo nisso. É algo que precisa mudar”, diz Elisângela Dell-Armelina Suruí, gerente de produção da Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí (Coopaiter).
Com sede em Cacoal (RO), a cooperativa foi criada em 2017 e tem como principal atividade a coleta e beneficiamento de produtos da floresta, como a castanha-do-brasil. Hoje, há 246 cooperados indígenas e uma estrutura capaz de beneficiar 4 mil quilos de castanha por mês — o que ainda não foi atingido por falta de demanda. Por ano, são vendidos cerca de 5,3 mil quilos do produto processado, inclusive a mercados institucionais, como PPA e PNAE.
Uma conquista recente foi a obtenção dos selos de Agricultura Familiar Indígena e de garantia de origem a partir do sistema de rastreabilidade da Rede Origens Brasil, além do registro no Ministério da Agricultura. “Isso foi importante para garantir que a produção é indígena e como os processos são feitos. Nossos parceiros também têm ajudado a agregar valor à produção e a abrir portas para novos mercados”, conta Elisângela.
Para ela, o fortalecimento dos negócios indígenas também é uma forma de proteger a Amazônia. “Ao estarem presentes no território, as comunidades cuidam e monitoram as florestas. Logo, para manter a floresta em pé, é preciso cuidar do povo que cuida da floresta”, destaca.
Uma semente para o futuro
Foi a admiração e profundo respeito aos povos originários que levou Maria Barcellos à região de Cacoal (RO) no final da década de 1970. Quase 50 anos depois, ela não esconde a tristeza pela destruição da vasta floresta que viu em pé. Mas, aos 74 anos, prefere concentrar suas energias nas sementes que pode plantar.
Coordenadora de Educação e Cultura da Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends, “Maria dos Índios”, como é conhecida, tem liderado desde 2014 um projeto que visa integrar educação, povos originários e mudanças climáticas. A ideia teve como foco inicial os educadores indígenas, com uma abordagem intercultural que conecta o saber ancestral e conhecimentos científicos.
Do primeiro manual, feito a partir de oficinas em grupo e contendo atividades para trabalhar em sala de aula, nasceu uma série de sete livros específicos para cada povo indígena da região chamada “Nossa Terra e as Mudanças Climáticas”. “As crianças e adolescentes que estão nas escolas indígenas daqui muito pouco tempo serão gestores dos territórios. Então, é importante que cresçam entendendo o tema e sua importância. Assim, terão muito mais condições de tomar decisões acertadas”, explica.
Maria cita a construção coletiva como um ponto crucial do projeto. “Os povos se orientam a partir de observações, como a crença de que algo acontecerá quando determinado pássaro cantar ou de mudanças no sol, na lua ou nas estrelas. Foi a partir dos sinais da natureza que começamos a introduzir a questão. Depois, a partir da visão de cada povo, avançamos para a percepção de que algo está mudando, por que o povo acredita que isso está ocorrendo e como o cientista não-indígena explica isso”, detalha.
Além dos livros, o projeto desenvolveu atividades interativas para que o tema pudesse ser trabalhado de forma lúdica. Uma delas é o jogo “Trilha do conhecimento”, em que os jogadores, representados por peças que simbolizam pequenos indígenas, avançam pela floresta conforme acertam perguntas como “qual é a importância das florestas para as mudanças climáticas?”. “Assim, eles vão construindo esse saber a partir do seu próprio universo cultural e conhecimento tradicional”, pontua.
Antes de se despedir da equipe de Um Só Planeta, Maria não escondeu a emoção ao dizer que o seu sonho é que o trabalho de fortalecimento desta consciência sobre a crise climática com os povos indígenas ganhe escala. “É um grande sonho porque as crianças e os jovens indígenas merecem esse cuidado. Creio que esse material pode ajudar no fortalecimento da identidade de cada um. É uma semente que queremos plantar”, conclui.
Fonte: Um Só Planeta