Uma média mensal de 70 a 150 animais de várias espécies morrem atropelados na BR-174, especialmente na área onde fica localizada a reserva indígena Waimiri-Atroari, no território do estado do Amazonas.
Este é um dos motivos que levam os indígenas a bloquear os 123 quilômetros da estrada que estão dentro da reserva.
A informação é de Marcelo Cavalcante, coordenador do programa Waimiri-Atroari, ao ser procurado pela reportagem do acritica.com para falar sobre a ação do governo de Roraima que pede o fim do bloqueio da estrada à noite, pelos indígenas, e que deve ser sentenciada este ano.
“São vários tipos de animais. Onça, paca, anta, jacaré, mucura. Inúmeros”, disse ele.
Segundo Cavalcante, o “fechamento” da estrada é uma medida para reduzir o trânsito na área para diminuir os atropelamentos dos animais e até mesmo dos indígenas.
“O animal tem hábitos noturnos. É uma restrição temporária. É uma medida de defesa ambiental tomada pelos indígenas porque se trata de uma reserva preservada, mas a estrada não fica fechada totalmente”, disse Cavalcante.
O trecho dentro da reserva indígena fica bloqueado entre 18h30 e 6h. Quem chega até às 18h30 pode atravessar a barreira.
“Se alguém sai de Manaus às 15h tem como passar pela estrada à noite. Dá tempo”, disse Cavalcante.
De acordo com o coordenador do programa Waimiri-Atroari a “polêmica” sobre o bloqueio da estrada é antiga, mas chegou à esfera judicial há quase três anos, em decisão tomada pelo governo de Roraima, que se considera prejudicado com a medida.
Segundo o coordenador, caso a justiça federal de Roraima acate a ação contra o bloqueio da estrada, os waimiri-atroari vão recorrer.
“O Ministério Público Federal está fazendo perícia para dar o parecer sobre o pedido de abertura da estrada. Mas acredito que isto ainda vai rolar mais para a frente. Se o parecer e a decisão forem a favor, vamos recorrer”, disse.
Com informações do acrítica.com
Nota da Redação: Após serem despejados de seus habitats pela ocupação humana, é fundamental que os animais sejam ao menos protegidos dos perigos das estradas. No entanto, infelizmente, esses mesmos indígenas que reivindicam o respeito à fauna ainda caçam animais para o consumo, tomando desses seres o direito à vida. Portanto, para que o discurso se torne coerente, o comportamento pela preservação da fauna local deve partir também, e primordialmente, da própria comunidade indígena.