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CONTAMINAÇÃO

Indígenas da Amazônia colombiana denunciam poluição por petróleo

Colômbia enfrenta um dos cenários mais desafiadores da Amazônia, onde petroleiras, grupos armados e indígenas disputam os mesmos territórios.

11 de abril de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Juan Carlos Contreras/InfoAmazonia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, é um dos poucos líderes mundiais [senão o único] que se posicionaram publicamente pela eliminação dos combustíveis fósseis, e o governo colombiano vem desenvolvendo planos para reduzir a exploração de petróleo e gás e ampliar as fontes renováveis no país. Mas o desafio, sobretudo na Amazônia, é imenso.

InfoAmazonia, em parceria com outros veículos de imprensa de países amazônicos – GK (Equador), Ojo Público (Peru) e Rutas del Conflicto (Colômbia) –, mostra como Povos Indígenas da Amazônia colombiana são pressionados pela indústria petrolífera, de um lado, e por grupos guerrilheiros armados, de outro. A reportagem integra a série “Até a última gota”, que já mostrou como a Amazônia se tornou a nova fronteira exploratória de petróleo nos últimos anos; a ação de petroleiras no Brasil para estender contratos à espera da licença do IBAMA para a Petrobras na foz do Amazonas; e os imenso problemas socioambientais que a Exxon promove na Guiana com a exploração de combustíveis fósseis no país.

Desde o início do mandato de Petro, em agosto de 2022, nenhuma nova licença foi concedida para explorar a região amazônica. Hoje, a Amazônia colombiana tem 132 mil km² reservados à exploração petrolífera, segundo uma análise com base em dados compilados pelo Instituto Internacional Arayara até julho de 2024. Desse total, mais de 78% (103 mil km²) estão disponíveis para oferta ao mercado – porém, neste momento, impedidos de serem leiloados.

Contudo, a postura combativa do governo Petro não significa que o petróleo desaparecerá imediatamente da Amazônia colombiana. Os contratos dos blocos Platanillo e Putumayo-1, por exemplo, localizados próximos a comunidades dos Povos Indígenas Siona e Inga, têm vigência de 24 anos a partir da declaração de início da produção de seus poços, com possibilidade de prorrogação. Por isso, é improvável que se encerrem ainda nesta década.

“Tudo tem gosto de petróleo. Os peixes agora são menores, têm gosto de gasolina e não podem ser consumidos desde que a petroleira chegou”, disse um indígena Siona. Outro afirmou que a palavra “petróleo” não tem tradução em sua língua e sentenciou: “Uma palavra que não está em nosso idioma não deve estar no território.”

Na Amazônia colombiana, 79 Terras Indígenas são afetadas por blocos petrolíferos. Isso resultou numa interseção entre TIs e blocos de 2.590 km². Trata-se do terceiro país no ranking de sobreposição, atrás de Equador e Peru, entre os nove que compreendem a Amazônia.

Um grupo de organizações civis já denunciou “abusos corporativos” no caso do Povo Inga. O documento apontou “violações sistemáticas dos direitos territoriais e ambientais, além da falta de consulta prévia, livre e informada às comunidades afetadas”. Áreas importantes para a coleta de plantas medicinais foram desmatadas e cobertas por concreto, e moradores relatam que a exploração petrolífera contamina as águas e compromete o sustento.

Em relação ao Povo Siona, um relatório da organização Ambiente y Sociedad também denuncia a ausência de consulta prévia a seus membros diante da exploração de petróleo próxima ao seu território. Os Siona “têm plena capacidade de argumentar e demonstrar os impactos diretos e profundos que sofrerão caso os projetos extrativistas avancem sobre sua terra”, destacou o documento.

Fonte: ClimaInfo

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