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POLUIÇÃO HUMANA

Incidentes com animais marinhos aumentam na Bacia de Santos e mais de 700 são encontrados mortos

Número de ocorrências atendidas pelo Gremar aumentou em 25,7% entre 2021 e 2022.

4 de fevereiro de 2023
4 min. de leitura
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Em três anos, Gremar resgatou 2.722 animais marinhos, dos quais 2.175 estavam mortos Foto: Divulgação / Instituto Gremar

O número de ocorrências com animais marinhos nas praias da Bacia de Santos (Bertioga, Guarujá, Santos e São Vicente) aumentou 25,7% em 2022, na comparação com o ano anterior. A informação é do Instituto Gremar, que monitora a região.

Entre as causas mais comuns, estão colisões com embarcações, ingestão de lixo e interação com petrechos de pesca e dragagem.

De acordo com o instituto, foram 944 ocorrências com animais marinhos entre janeiro e 31 de dezembro últimos. Dos bichos resgatados, 161 estavam vivos: 104 aves, seis mamíferos e 51 répteis. Entre os 783 animais encontrados mortos, eram 198 aves, 138 mamíferos e 447 répteis.

Os números representam um aumento de 25,7% em relação a 2021, que contabilizou 751 ocorrências com animais marinhos no mesmo trecho, entre vivos (116) e mortos (635).

Resgate

Nos últimos três anos, o Instituto Gremar resgatou 2.722 animais marinhos, dos quais 547 encontrados com vida e 2.175 mortos. Desde agosto de 2015, a instituição já registrou 7.123 ocorrências no trecho que monitora.

Em nota, o instituto ressalta que todos os animais resgatados e levados para atendimento no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, em Guarujá, passam por exames para diagnóstico e definição do protocolo de tratamento e também para que as causas das ocorrências sejam estudadas com mais profundidade.

Com o mesmo propósito, exames de necropsia são realizados nas carcaças dos animais que encalham já sem vida. “A partir destas amostras, o Instituto Gremar, alinhado às premissas do PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos), desenvolve continuamente ações de educação ambiental voltadas para comunidades litorâneas, profissionais de diversas áreas e empresas, com o objetivo de contribuir com a diminuição do impacto das atividades humanas sobre o ecossistema marinho”, diz, em nota  A bióloga e professora Juliana Teixeira Gonçalves comenta que o principal motivo para o aumento nas ocorrências é a ingestão de lixo, principalmente entre as espécies de hábito oceânico, pois, em alto-mar, há concentração maior de resíduos.

“Além das causas apontadas, há a falta de consciência da população que ajuda nesse transtorno. E podemos citar o dióxido de carbono que é lançado na atmosfera, principalmente, pelos setores industrial e de transporte. Isso acaba sendo um problema, pois é absorvido pelos oceanos. A água de lastro (para dar estabilidade a navios) é outro problema, pois pode conter esgoto e materiais tóxicos, causando desequilíbrio nas espécies”, afirma.

Golfinho da espécie toninha foi resgatado em praia de Guarujá Foto: Divulgação/Instituto Gremar

O mar e a vida

Juliana Gonçalves ressalta que a vida na Terra é ligada às condições dos oceanos, que produzem “metade de oxigênio e regula as condições climáticas do planeta, pois absorve grande quantidade de gás carbônico e fornece alimento para milhões de seres”.

Gremar salva, recupera e devolve espécies à natureza

Há casos que o Gremar destaca, do ano passado, no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos. Um deles foi a soltura de um filhote de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), que superou uma grave anemia após receber transfusão de sangue de uma tartaruga da mesma espécie.

O animal havia sido encontrado encalhado na Praia de São Pedro, em Guarujá, em setembro de 2021, com dez centímetros (cm) de carapaça e 300 gramas. Após o tratamento, a tartaruga atingiu 39,2 cm de carapaça e 4,5 quilos. Foi devolvida à natureza no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos em 30 de junho de 2022.

Outro momento marcante foi a soltura de dois maçaricos-de-papo-vermelho (Calidris canutus rufa), na Praia de Itaguaré, em Bertioga. As aves, resgatadas em maio em praias de Praia Grande e Guarujá, pertencem a uma espécie considerada como “criticamente ameaçada” pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente.

O Instituto Gremar fez um teste de DNA para ampliar a coleta de dados e constatou se tratar de uma fêmea e um macho. As aves passaram por fisioterapia, receberam suplementação vitamínica e alimentação balanceada. O macho foi anilhado, e o casal foi solto em junho.

No início de julho, um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) foi resgatado na Praia do Iporanga, em Guarujá. O animal estava desnutrido, com dificuldade respiratória, diarreia e úlcera na córnea esquerda. Após um mês em reabilitação, recuperou-se e foi solto na Laje de Santos.

Fonte: A Tribuna

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