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CRISE AMBIENTAL

Incêndios seguem em alta nos principais biomas brasileiros em 2024

Entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2024, foram registrados 120.821 focos de incêndios na Amazônia. O número representa um aumento de 51% em comparação ao mesmo período em 2023

5 de novembro de 2024
WWF
5 min. de leitura
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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Enquanto o mundo discute a conservação da biodiversidade na COP16, em Cali, na Colômbia, a crise ambiental não dá trégua e os incêndios seguem em alta nos principais biomas brasileiros. Nos dez primeiros meses de 2024, o número de focos de incêndio é maior que o registrado no mesmo período do ano passado na Amazônia (51% de alta), no Cerrado (quase 70%) e no Pantanal (mais de 600%).

No mês de outubro, os valores foram maiores que a média dos últimos cinco anos na Amazônia (mais de 11%) e no Pantanal (mais de 35%). No Cerrado, o número ficou 20% abaixo da média.

“A devastação causada pelas queimadas não apenas compromete a rica biodiversidade que temos, mas também agrava as mudanças climáticas ao liberar quantidades significativas de gases de efeito estufa na atmosfera”, afirma Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.

Segundo ele, a conclusão da COP16 de Biodiversidade, em Cali, e a proximidade da COP29 do Clima, em Baku, no Azerbaijão, representam momentos cruciais para abordar a crise ambiental que estamos enfrentando.

“Esses eventos são oportunidades valiosas para discutir e implementar estratégias eficazes de conservação e restauração. É fundamental que os países se comprometam a adotar políticas que protejam nossos ecossistemas, promovendo práticas sustentáveis e incentivando a recuperação de áreas degradadas”, diz Prado.

Prado destaca que é vital a colaboração entre nações, comunidades locais, setor privado e organizações não governamentais para promover a educação ambiental e a conscientização sobre a importância da biodiversidade.

“Somente com ações coordenadas e efetivas poderemos mitigar os impactos das queimadas e garantir um futuro mais saudável e equilibrado para o nosso planeta. A COP16, em Cali, e a COP29, em Baku, devem ser um marco nesse processo, possibilitando diálogos e decisões de acordos financeiros que viabilizem ações efetivas de preservação da natureza”, diz.

De acordo com Helga Correa, especialista em Conservação do WWF-Brasil, o aumento dos incêndios é um dos resultados da pressão extrema sobre os biomas, produzida pela ação humana.

“O alarmante cenário apresentado pelo Relatório Planeta Vivo evidencia a urgência de ações efetivas para reverter a perda de biodiversidade e os impactos das mudanças climáticas. A redução média de 73% nas populações de vida selvagem monitoradas em apenas cinco décadas é um sinal claro de que nossos ecossistemas estão sob pressão extrema, resultado de atividades humanas como queimadas e desmatamento”, afirma Helga.

Segundo ela, as conferências climáticas, como a COP16, da Biodiversidade e a próxima COP29, do Clima, são oportunidades cruciais para que os países se unam em torno de compromissos globais de proteção ambiental.

“Essas negociações não são apenas relevantes para a conservação de espécies, mas também essenciais para a saúde e o bem-estar da humanidade, uma vez que dependemos de ecossistemas saudáveis para a manutenção da água, do ar puro e da produtividade agrícola”, declara.

Fogo na Amazônia: recorde em 17 anos

Entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2024, foram registrados 120.821 focos de incêndios na Amazônia. O número representa um aumento de 51%  em comparação ao mesmo período em 2023 (79.998 focos) e é o maior valor registrado desde 2007 (mais de 164 mil focos). O valor é 44,9% maior que a média de focos nesse período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 83.377 focos.

No mês de outubro, foram registrados 16.169 focos de incêndios na Amazônia, uma redução de 26,7% em comparação aos 22.061 focos registrados no mesmo período em 2023. O valor, porém, é 11,2% maior que a média para o período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 14.540.

Cerrado tem pior ano desde 2012, mas queda em outubro

No Cerrado, no acumulado do ano até o dia 31 de outubro, foram registrados 76.655 focos de fogo: um aumento de 69,5% em comparação ao mesmo período do ano passado (45.232 focos). O valor é 38,4% maior que a média do mesmo período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 55.369. O valor registrado nos 10 primeiros meses do ano é o maior para o período desde 2012,quando foram detectados mais de 86 mil focos.

Em outubro, o Cerrado teve 8.024 focos de incêndios, um valor próximo ao registrado no ano passado (8.371), com uma redução de 4,1%. O número em 2024 é 20% menor que a média dos cinco anos anteriores (2019-2023) para esse período, que é de 10.030 focos de incêndios

Pantanal: só 2020 foi pior nos 10 primeiros meses do ano

No Pantanal, do início de 2024 até 31 de outubro, foram detectados 14.292 focos de incêndio. Um número 639% maior que o registrado no mesmo período no ano passado (1.933 focos). O número é 76% maior que a média para o período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que foi de 8.116 focos.

O número registrado em 2024 é o segundo maior da série histórica do Programa Queimadas, iniciada em 1998, perdendo apenas para 2020, quando foram registrados mais de 21 mil focos de incêndios. O ano de 2020, porém, foi marcado pelos piores incêndios da história do Pantanal, que chegaram a devastar mais de 30% da área total do bioma.

No mês de outubro, foram registrados 2.437 focos de incêndio no Pantanal. O  valor é 110% maior que o número de focos registrados no mesmo período em 2023 (1.157 focos). O número é 35,3% maior que a média do mesmo período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 1.801 focos de incêndios.

Fonte: WWF

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