EnglishEspañolPortuguês

AUMENTO ALARMANTE

Incêndios no Pantanal ameaçam áreas de restauração, com risco de uma catástrofe semelhante à de 2020

Os incêndios estão atingindo áreas prioritárias para a restauração do Pantanal, onde vivem espécies vegetais sensíveis ao fogo

2 de julho de 2024
* Paula Isla Martins, Letícia Couto Garcia e Liz Barreto Coelho Belém, para The Conversation
7 min. de leitura
A-
A+
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Como muitos ainda lembram, há quatro anos a maior área úmida tropical do mundo, o Pantanal, enfrentou incêndios devastadores que consumiram cerca de 30% do bioma local. Isto resultou em um verdadeiro corredor de fogo ao redor do rio Paraguai, o principal rio do Pantanal, e na morte de pelo menos 17 milhões de vertebrados. Em 2024, este cenário terrível pode se repetir – ou piorar.

No primeiro semestre deste ano, houve um aumento alarmante de 1.297% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a área queimada já é o dobro do registrado no mesmo período de 2020. A situação é agravada pelo início antecipado dos incêndios, prolongando o período crítico para o Pantanal.

Desafios para a restauração do Pantanal

Devido às mudanças climáticas, os períodos de seca estão se tornando mais longos e intensos. O nível do rio Paraguai está atualmente em 1,09 metros, bem abaixo da média histórica. Isso sugere que teremos inundações menores que o normal em 2024, deixando áreas que normalmente estão inundadas nesta época do ano mais suscetíveis às queimadas, aumentando a extensão e a gravidade dos incêndios.

A alternância entre seca e cheia, definida pelo pulso de inundação, é crucial para a biodiversidade do Pantanal. A intensificação das secas prolongadas está afetando as dinâmicas das águas, comprometendo a sobrevivência da fauna, flora e das comunidades locais.

Além de vários impactos, há uma nova preocupação: os incêndios estão atingindo áreas prioritárias para a restauração do Pantanal, onde vivem espécies vegetais sensíveis ao fogo, como o manduvi (Sterculia apetala), e ameaçadas de extinção, como o pau-santo (Gonopterodendron sarmientoi). Isto dificulta a recuperação dessas espécies e pode diminuir suas populações futuras.

Áreas queimadas no Pantanal até junho de 2024, identificadas através da plataforma ALARMES do LASA — Foto: LASA/UFRJ

Um estudo recente, solicitado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), mapeou essas áreas na bacia do Alto Paraguai (BAP). O estudo foi realizado pelo Laboratório de Ecologia da Intervenção da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (LEI/UFMS), em parceria com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ) e o Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas.

    Você viu?

    Ir para o topo