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"NÃO SOBREVIVERÃO"

Incêndios na Califórnia: ONG alerta tutores a não abandonar animais durante evacuação

9 de janeiro de 2025
5 min. de leitura
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Foto: APU GOMES/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP

Os incêndios florestais que assolam desde a noite de terça-feira a cidade de Los Angeles, na Califórnia, pôs cerca de 80 mil pessoas sob ordem de retirada. Em meio ao desespero e o medo que acompanham o deslocamento, a People for the Ethical Treatment of Animals (Peta) fez um alerta sobre aqueles que, vulneráveis, dependerão da ajuda do tutor para sobreviver: os animais domésticos. A ONG destacou que aqueles que forem abandonados no momento da fuga provavelmente morrerão, e deu instruções para transportar os animais de maneira segura ao longo do percurso.

Em uma declaração, citada pela rede britânica BBC, a Peta disse que animais de pequeno porte deverão ser colocados com segurança em transportadoras, enquanto os pássaros devem ter suas gaiolas cobertas. Já os cachorros devem ser mantidos em um peitoral e guia seguros. “Leve comida suficiente para seus animais para durar vários dias”, instruiu o comunicado.

Em entrevista à revista Newsweek, a veterinária Paige Adams também recomenda a aplicação de microchips nos animais e etiquetas com informações atualizadas em guias e coleiras para que os tutores possam ser identificados caso o animal fuja ou se perca. Adams destacou que é crucial para a segurança dos animais ter um plano sólido antes mesmo da ordem, para que o tutor “não tenha que correr e descobrir como fazer” na hora do deslocamento.

“O fogo pode ser muito assustador para um animal e fazê-lo entrar em pânico. Mantê-los calmos e com você ajudará a mantê-los seguros”, disse a médica veterinária.

Animais de grande porte, como cavalos, não devem ser confinados em baias ou celeiros, informou a Peta. Nesses casos, a ONG disse que “se for impossível removê-los, eles devem ser libertados para que possam tentar sobreviver”. Caso seja avistado um animal em perigo ou sofrimento, deve-se ajudar. Mas, caso não seja possível, a Peta sugere que a pessoa anote a localização exata e alerta imediatamente as autoridades.

A instituição de caridade lembrou que aqueles que abandonarem intencionalmente seus animais à própria sorte poderão ser processados. Mais cedo nesta quarta, o chefe do Batalhão e oficial de informações públicas do Departamento de Proteção Florestal e Contra Incêndios da Califórnia, David Acuna, disse que o departamento está “ajudando as pessoas a se planejarem para que seus animais também tenham um abrigo seguro”, informou a BBC.

Para evitar o abandono de animais e ajudar aqueles que não puderam ser levados com a família, a médica veterinária Annie Harvilicz fez um anúncio nas redes sociais oferecendo abrigo. A médica, que administra dois hospitais veterinários na região, contou ao Los Angeles Times que até o momento a maior parte da procura é de pessoas que querem ajudar no trabalho voluntário.

Desde então, Harvilicz abriga 20 cachorros, 20 gatos, e o coelho doméstico Oreo, de seu irmão. Mas diz esperar que o número aumento ao longo desta quarta-feira.

“A maioria das pessoas que entram em contato são tutores de vários animais domésticos. Eles podem levar um cachorro ou gato para um hotel, mas não dois ou três”, explicou.

Malibu sob alerta

Na cidade de Malibu, a oeste de Los Angeles, as autoridades pediram aos moradores para “se prepararem para se retirar rapidamente se as condições do incêndio piorarem”, acrescentando que pessoas que necessitassem de mais tempo para se locomover ou que tivessem animais domésticos ou criação o fizessem antecipadamente.

Os principais focos de incêndio foram identificados em lados opostos de Los Angeles: a oeste, em Pacific Palisades, bairro costeiro e lar de famosos da indústria do cinema, e a leste, em Eaton Canyon, perto de Pasadena, a 6ª maior cidade da Califórnia, no sopé das Montanhas São Gabriel. Há ainda um terceiro foco ao norte, perto do Vale São Fernando, considerado crítico. Um quarto incêndio, muito menor, foi relatado nesta quarta no condado de Riverside, a cerca de 97 km a sudeste de Los Angeles, mas foi totalmente contido.

Em uma coletiva de imprensa no começo da tarde desta quarta, o chefe dos bombeiros do Condado de Los Angeles, Anthony Marrone, afirmou que as autoridades confirmaram as duas primeiras mortes relacionadas aos incêndios. Os casos fatais foram registrados no incêndio em Eaton. Marrone também confirmou que há “vários feridos”, sem citar um número estimado, ao se referir aos focos no leste e oeste da cidade, além de informar que um total de mais de 1 mil estruturas foram destruídas nos arredores de Palisades. Ele admitiu que os departamentos de combate e prevenção a incêndios não estão preparados para uma ocorrência desta magnitude.

O presidente dos EUA, Joe Biden, que estava na Califórnia para anunciar a criação de dois novos monumentos nacionais — evento que foi cancelado devido ao vento — afirmou que deve seguir no estado até a tarde desta quinta, e ofereceu uma série de assistências federais, incluindo o envio de 10 helicópteros federais de combate a incêndio e uma série de grandes aviões-tanque operados pelo Serviço Florestal dos EUA. A Casa Branca disse que o presidente esteve em “comunicação constante” com o governador do estado, Gavin Newsom.

“O comportamento extremo do fogo (…) continua desafiando os esforços de combate ao incêndio em Palisades”, informou um boletim do Departamento do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, acrescentando que rajadas de vento devem continuar a atingir a região ao longo do dia. Os chamados ventos de Santa Ana são característicos nesta temporada do ano na Califórnia. O Serviço Nacional de Meteorologia americano registrou ventos de cerca de 160 km/h nas últimas 48 horas.

O incêndio começou em um ambiente de baixa umidade e logo quando os ventos de Santa Ana avançam com força em Los Angeles. Especialistas afirmam que esta pode ser a pior tempestade de vento em uma década. Embora incêndios florestais façam parte da vida no oeste dos EUA e desempenhem um papel vital na natureza, cientistas dizem que as mudanças climáticas causadas pelo homem estão alterando os padrões climáticos.

O sul da Califórnia teve duas décadas de seca seguidas por dois anos excepcionalmente úmidos, o que provocou um crescimento incomum da vegeração – deixando a região cheia de “combustível” pronto para queimar.

Fonte: O Globo

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