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INTOXICAÇÃO

Incêndios em Los Angeles ameaçam animais silvestres com a liberação de químicos tóxicos, alertam especialistas

29 de janeiro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Mongabay

Os recentes incêndios que assolam Los Angeles, nos Estados Unidos, já destruíram mais de 16.000 estruturas, liberando uma onda de produtos químicos tóxicos que representam graves riscos não apenas para humanos, mas também para a vida selvagem da região. A queima de materiais sintéticos presentes em móveis, eletrônicos, pisos, tintas, isolamentos e canos de água libera substâncias como dioxinas, bifenilos policlorados (PCBs) e amianto, conhecidos por seus efeitos cancerígenos. Para os animais, a exposição a esses poluentes pode ser tão devastadora quanto para os seres humanos, alertam especialistas.

O Dr. David Carpenter, médico de saúde pública da Universidade de Albany, explicou à Mongabay que a exposição a esses químicos pode levar a um aumento de doenças como diabetes, problemas cardíacos e hipertensão em humanos. “E o mesmo vale para a vida selvagem”, ressaltou. Estudos anteriores já haviam demonstrado que animais expostos a dioxinas e PCBs desenvolvem sérios problemas de saúde, incluindo enfraquecimento do sistema imunológico e maior suscetibilidade a doenças.

Lee Kats, professor de biologia da Pepperdine University, na Califórnia, destacou que o maior perigo para os animais durante um incêndio urbano é a exposição direta à fumaça tóxica. “Pode ser potencialmente letal se eles estiverem diretamente na linha da pluma de fumaça”, afirmou Kats, que estuda os efeitos do fogo na vida selvagem há mais de três décadas. Ele relatou que, após o incêndio Woolsey de 2018, que destruiu 1.600 estruturas em Los Angeles, observou anfíbios, como tritões e rãs-árvore da Califórnia, em estado de extrema debilidade. “Eles estavam emaciados, claramente sob estresse, com feridas, cataratas e alta mortalidade”, descreveu. “Esses sintomas não são típicos de incêndios florestais naturais.”

Kats explicou que, além da toxicidade da fumaça, os incêndios florestais frequentemente devastam habitats aquáticos, essenciais para a reprodução de peixes e anfíbios. As cinzas das florestas queimadas são carregadas para os cursos d’água, e a erosão das margens dos rios, sem a proteção das raízes das árvores, enche os riachos de sedimentos e detritos. Isso reduz drasticamente a profundidade das poças de água, que podem passar de 2 metros para apenas alguns centímetros em poucos meses. “Os animais não têm onde depositar seus ovos, e os adultos ficam sem habitat para migração”, disse Kats. “Isso leva a uma queda populacional, mas o que mais preocupa é que, após incêndios urbanos, os animais parecem doentes, algo que não vemos após incêndios florestais naturais.”

Embora Kats enfatize que suas observações ainda não foram formalmente estudadas ou publicadas, ele alerta para o agravamento do problema devido às mudanças climáticas. “A frequência dos incêndios está aumentando. Muitos organismos estão adaptados a incêndios florestais naturais, mas não a eventos que ocorrem a cada seis ou sete anos”, afirmou.

A situação expõe a urgência de políticas públicas que protejam não apenas as comunidades humanas, mas também os ecossistemas e a vida selvagem afetados por desastres ambientais. A defesa dos direitos animais passa, nesse contexto, por medidas que reduzam a emissão de poluentes tóxicos e garantam a preservação de habitats naturais, essenciais para a sobrevivência de espécies já ameaçadas. Enquanto os incêndios se tornam mais frequentes e intensos, a proteção da biodiversidade deve ser uma prioridade global.

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