Por Simone Gil Mondavi (da Redação – Argentina)
Um exército de voluntários entrou nas montanhas da Austrália, uma vez que o fogo foi controlado, para resgatar coalas, cangurus e wallabies presos pelo fogo, devido a incêndios. A fauna da ilha australiana, composta por marsupiais lentos, aves cujo habitat está em perigo de extinção, roedores e pequenos mamíferos doentes, são muito vulneráveis ao fogo. As informações são do Noticias24.
No ano 2009, o grande incêndio que causou 173 mortes no Estado de Victoria, afetou mais de um milhão de animais selvagens, ou seja, mais de 90% da população da região sentiu as consequências, de acordo com estimativas.
“Se há lições a serem aprendidas com a história, pode-se pensar que a taxa de sobrevivência destes incêndios recentes vai ser muito, muito pouco”, disse a zoóloga Anna Felton.
Felton, membro da rede de voluntários WIRES, é coordenadora de operações de pesquisa em Springwood, no Estado de Nova Gales do Sul (sudeste), uma cidade nas Montanhas Azuis a mais de uma centena de quilômetros ao oeste de Sydney. Sua “ambulância” pode receber cerca de cinquenta animais de pequeno porte, e está equipada para o atendimento de emergência que poderá manter vivo, por exemplo, um marsupial queimado até chegar à clínica do médico veterinário.
Enquanto as aves, como a cacatua, poderiam escapar das montanhas antes de serem alcançadas pelo fogo, ao contrário de outras espécies, incluindo marsupiais que habitam na terra ou em árvores e têm mobilidade reduzida, se comparado.
“As espécies encontradas aqui tem feridas muito feias”, diz Anna Felton.
Queimaduras, desidratação e intoxicação
Gambás, wallabies ou phalangers voadores, uma variação de espécie de gambá, estão entre as vítimas dos incêndios que destroem há mais de uma semana montes e alojamentos humanos ao longo de dezenas de quilômetros, causando uma nuvem de fumo e cinzas de uma densidade enorme. Sydney, ao meio-dia, parece estar no meio da noite.
“A maioria dos animais apresentavam queimaduras significativas, e mesmo se pudéssemos levar alguns para o veterinário, o prognóstico em geral seria muito triste”, lamentou Anna Felton.
Os animais feridos estão desidratados e têm problemas respiratórios depois da inalação de fumaças tóxicas. Aqueles que escapam são entregues a um veterinário e depois para um tutor que irá cuidar do animal. O tutor também será cadastrado pelo WIRES: existem atualmente 2.000 tutores voluntários em Nova Gales do Sul. O animal vai estar em convalescença com outros da mesma espécie e serão liberados em conjunto, meses depois.
A mobilização dos australianos foi impressionante, diz Anna Felton. Apesar de seu próprio trauma, os doadores entregaram grandes quantidades de remédios e dinheiro. Alguns moradores das Montanhas Azuis antes de fugir do incêndio, colocaram pequenas reservas de água no lado de fora de suas casas, pensando nas criaturas selvagens que muitas vezes se aventuram em seus jardins.
“Suas casas foram destruídas e apesar de tudo, eles vieram até a ambulância para nos dizer que viram um wallaby em algum lugar. E isso é incrível”, disse a voluntária.