EnglishEspañolPortuguês

SITUAÇÃO DELICADA

Incêndio em santuário de araras azuis no Pantanal está controlado, mas ainda preocupa

O fogo queimou árvores e caixa/ninhos onde as aves botam seus ovos

13 de agosto de 2024
Redação Um Só Planeta
5 min. de leitura
A-
A+
Foto: Divulgação

Estima-se que 80% do santuário de araras azuis do Instituto Arara Azul tenha sido queimado pelo fogo que atinge o Pantanal. A situação, no momento, está controlada devido à chuva e ao frio que chegaram na região nos últimos dias, mas há preocupação porque os troncos das árvores seguem em brasa.

“Aqui temos o exemplo de como as árvores grandes demoram, ficam queimando. Choveu bastante e aqui um tronco ainda soltando chamas. A hora que a chuva parar, isso pode reascender e continuar queimando”, disse Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, ao ((o))eco.

Ela acrescentou que o fogo faz parte da dinâmica do Pantanal, mas não com a intensidade atual. “Nós já enfrentamos vários incêndios aqui ao longo dos anos. Este é sem precedentes. Ele foi muito forte, queimou demais em uma escala muito grande. Em 48 horas as chamas varreram tudo.”

O maior santuário de araras azuis Anodorhynchus hyacinthinus do mundo fica na fazenda Caiman, no município de Miranda, em Mato Grosso do Sul. E esta é uma época delicada para o local ter sido consumido pelas chamas. Isso porque é o início do período reprodutivo das aves, quando os casais buscam as cavidades naturais das árvores ou ocupam as caixas (ninhos artificiais) instaladas também nas árvores para procriar.

Segundo o ((o))eco, pelo menos dez caixas/ninhos foram queimadas. “No momento do fogo nós tínhamos 21 ovos em ninhos ocupados pelos casais de araras-azuis aqui na Caiman. Dois foram perdidos. As araras continuam incubando os ovos e alguns ninhos não foram atingidos pelo fogo. Agora é aguardar e ver se os filhotes vão sobreviver, porque teve muita fumaça”, explicou Guedes.

Consequência do fogo para os animais

Os incêndios impactam de diversas formas as araras-azuis. A primeira é que consomem seus ovos e, também, os locais onde eles são botados. Além disso, a fumaça gerada pelos incêndios florestais afeta os embriões dentro do ovo e o fogo queima as fontes de alimento das aves – elas consomem principalmente castanha de coco da palmeira acuri e de bocaiuva.

“O impacto é maior do que só a consequência imediata da passagem do fogo que queima ninhos, árvores, ovos, equipamentos. O impacto se estende por anos depois dos incêndios. Temos resultados de pesquisas feitas em anos anteriores onde, como consequência dos incêndios, nasceram filhotes debilitados, com baixa imunidade, desenvolvimento de lesões na pele e até morrendo. Diminui a taxa de reprodução, diminui a taxa de sobrevivência”, enfatizou a presidente do Instituto Arara Azul.

    Você viu?

    Ir para o topo