“As impressões digitais das mudanças climáticas estão por toda a floresta amazônica e os incêndios florestais do Pantanal. O calor sem fim se combinou com a baixa pluviosidade para transformar esses preciosos ecossistemas em barris de pólvora altamente inflamáveis. Enquanto o mundo queimar combustíveis fósseis, o risco de incêndios florestais devastadores continuará a aumentar na Amazônia e no Pantanal”, afirmou Clair Barnes, pesquisadora de mudança climática e meio ambiente do Grantham Institute, no Imperial College London.
Incêndios são 99% de origem humana, afirma UFRJ
Apenas uma parte ínfima dos incêndios florestais que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. A constatação é da doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma.
A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação. Ao relacionar os dados com a proibição vigente de colocar fogo em vegetação, ela afirma que “todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Emissões seguem trajetória preocupante
No Brasil, o total acumulado estimado de emissões de carbono até agora em 2024 tem sido maior do que a média, em torno de 183 milhões de toneladas de carbono até 19 de setembro, seguindo um caminho semelhante ao ano recorde de emissões, registrado em 2007 pela agência europeia (362 milhões de toneladas). Os dados são do observatório espacial europeu, Copernicus.
Os gases emitidos pelas queimadas são um indicativo da força do fogo, que transforma a vegetação em fumaça e partículas sólidas que vêm se espalhando pelo país nas últimas semanas, passando por países vizinhos e chegando à África do Sul após cruzar o oceano Atlântico.
As emissões em setembro até agora foram responsáveis por 65 megatoneladas desse total. Isso se deve em grande parte às emissões de incêndios florestais da região amazônica, afirmam os pesquisadores.
“Incêndios catastróficos mataram milhões de animais e destruíram habitats que levarão anos para se recuperar. A fumaça dos incêndios está causando problemas respiratórios para milhões de pessoas rio abaixo e piorando os problemas de saúde existentes”, afirma Maja Vahlberg, consultora técnica do Centro Climático da Cruz Vermelha e integrante do WWA.