Um dos principais impactos ambientais na construção de usinas hidrelétricas é o alagamento de grandes áreas para a formação dos reservatórios de água. Esse alagamento provoca a perda de habitats naturais, a destruição da vegetação, o deslocamento de populações humanas e animais, a alteração do regime hídrico dos rios, o assoreamento do leito fluvial, a emissão de gases de efeito estufa pela decomposição da matéria orgânica submersa e a extinção ou redução de espécies aquáticas .
Outro impacto ambiental na construção de usinas hidrelétricas é a modificação da paisagem e da biodiversidade local. A instalação das barragens, das turbinas, dos geradores e das linhas de transmissão altera o aspecto natural do ambiente e interfere nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Além disso, a construção das usinas hidrelétricas demanda o uso intensivo de recursos naturais, como água, solo, minerais e combustíveis fósseis, que podem gerar poluição e escassez .
Portanto, é importante que os projetos de construção de usinas hidrelétricas levem em conta os impactos ambientais que podem causar e busquem formas de mitigá-los ou compensá-los. Algumas medidas possíveis são: realizar estudos prévios de viabilidade ambiental, escolher locais adequados para a instalação das usinas, reduzir o tamanho dos reservatórios, preservar as áreas de proteção permanente, monitorar a qualidade da água e do ar, recuperar as áreas degradadas, promover a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável das comunidades afetadas .
Impactos Sociais das usinas hidrelétricas
Um dos impactos sociais mais evidentes da construção de usinas hidrelétricas é o deslocamento de milhares de pessoas que vivem nas áreas que serão alagadas pelos reservatórios. Essas pessoas, muitas vezes, são obrigadas a abandonar suas casas, terras, culturas e modos de vida tradicionais, sem receber uma indenização justa ou uma alternativa de moradia adequada. Além disso, elas perdem o acesso a recursos naturais, como água, solo, pesca e biodiversidade, que garantem sua segurança alimentar e sua renda.
Outro impacto social é a alteração da dinâmica socioeconômica das cidades e comunidades próximas às usinas hidrelétricas. A chegada de milhares de trabalhadores para a obra gera um aumento da demanda por serviços públicos, como saúde, educação, transporte e saneamento, que nem sempre são acompanhados por um aumento da oferta. Isso pode gerar problemas como superlotação, precarização, violência e conflitos sociais. Além disso, a construção das usinas hidrelétricas pode afetar negativamente atividades econômicas locais, como agricultura familiar, extrativismo e turismo, que dependem da qualidade ambiental dos rios e das florestas.
Um terceiro impacto social é a violação dos direitos humanos e dos povos indígenas e tradicionais que habitam as regiões afetadas pelas usinas hidrelétricas. Muitas vezes, esses povos não são consultados ou informados sobre os projetos e seus possíveis impactos, desrespeitando o direito à participação e ao consentimento prévio, livre e informado. Além disso, eles sofrem com a perda de seus territórios sagrados, de sua identidade cultural e de sua autonomia política e organizativa. Eles também estão expostos a riscos de saúde, como o aumento de doenças transmitidas pela água ou por vetores que se proliferam com as mudanças ambientais causadas pelas usinas hidrelétricas.
Diante desses impactos sociais, é importante que sejam adotadas medidas de prevenção, mitigação e compensação dos danos causados às populações afetadas pelas usinas hidrelétricas. Essas medidas devem ser baseadas em critérios técnicos, éticos e participativos, respeitando os direitos humanos e as especificidades culturais de cada grupo social.
Um claro exemplo dos impactos sociais e ambiental é a UHE de Belo Monte, localizada no rio Xingu, no estado do Pará, que tem gerado significativos impactos sociais e ambientais desde o início de sua construção. Alguns dos principais impactos são os seguintes:
Impactos sociais da UHE de Belo Monte:
- Deslocamento de comunidades indígenas e ribeirinhas: A construção da usina resultou no deslocamento forçado de diversas comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas como os Juruna, Arara, Xikrin e outros. Esse deslocamento trouxe perdas culturais, sociais e econômicas significativas para essas comunidades.
- Conflitos e violência: A chegada de grandes contingentes de trabalhadores na região provocou um aumento da violência, tráfico de drogas, prostituição e outros problemas sociais. Os conflitos entre os trabalhadores da usina e as comunidades locais também foram relatados.
- Impactos na pesca e segurança alimentar: A construção da usina afetou a pesca na região, prejudicando a principal fonte de subsistência das comunidades ribeirinhas. Isso resultou em perda de segurança alimentar e impactos negativos na saúde e no bem-estar dessas populações.
Impactos ambientais da UHE de Belo Monte:
- Desmatamento e perda de biodiversidade: A construção da usina exigiu o desmatamento de grandes áreas da floresta amazônica, resultando na perda de habitats naturais e na diminuição da biodiversidade na região.
- Alteração dos rios e ecossistemas aquáticos: A construção de barragens e o desvio de rios alteraram significativamente os cursos d’água, afetando os ecossistemas aquáticos e a vida selvagem local. A redução do fluxo de água e as mudanças na qualidade da água também têm impactos negativos na flora e fauna da região.
- Emissões de gases de efeito estufa: Embora seja uma fonte de energia renovável, a decomposição da matéria orgânica inundada nas áreas alagadas da usina pode levar à emissão de gases de efeito estufa, como o metano, contribuindo para as mudanças climáticas.
Em razão dos significativos impactos sociais e ambientais importante encontrar alternativas energéticas mais sustentáveis do que as usinas hidrelétricas por diversas razões:
Preservação ambiental: As usinas hidrelétricas podem causar impactos significativos nos ecossistemas, incluindo o desmatamento de grandes áreas, alteração de rios e lagos, e perda de biodiversidade. A busca por alternativas sustentáveis reduziria esses danos ambientais, permitindo a preservação de ecossistemas naturais e a proteção da biodiversidade.
Mudanças climáticas: Embora as usinas hidrelétricas sejam consideradas uma fonte de energia renovável, elas ainda podem gerar emissões significativas de gases de efeito estufa. A decomposição da matéria orgânica nos reservatórios pode liberar gases como o metano, um potente agente causador do aquecimento global. A transição para fontes de energia de baixa ou nula emissão de carbono ajudaria a mitigar as mudanças climáticas e seus impactos.
Segurança energética: A diversificação das fontes de energia é fundamental para garantir a segurança energética de uma região ou país. Dependendo exclusivamente de uma única fonte, como as hidrelétricas, pode tornar uma nação mais vulnerável a variações climáticas, secas prolongadas ou outras condições que possam afetar a disponibilidade de água para geração de energia. A busca por alternativas energéticas mais sustentáveis promove a resiliência e a estabilidade do sistema energético.
Inovação tecnológica e empregos: A transição para fontes de energia sustentáveis impulsiona a inovação tecnológica e criação de empregos em setores relacionados, como energia solar, eólica, biomassa, entre outras. Essa mudança pode impulsionar o desenvolvimento econômico, promover a criação de empregos verdes e estimular a economia de maneira mais sustentável e inclusiva.
Acesso à energia: A busca por alternativas energéticas sustentáveis também está relacionada ao acesso universal à energia. Muitas comunidades em áreas remotas ou de difícil acesso podem se beneficiar de soluções descentralizadas, como sistemas solares domésticos ou mini redes de energia renovável, que podem ser mais viáveis e econômicas do que a construção de grandes usinas hidrelétricas.
A busca por alternativas energéticas mais sustentáveis que as usinas hidrelétricas é crucial para minimizar os impactos ambientais negativos, reduzir as emissões de gases de efeito estufa, promover a segurança energética, impulsionar a inovação tecnológica e garantir o acesso universal à energia de maneira mais sustentável.
Fonte: Eco Debate