O vídeo que faz parte do inquérito instaurado pela Polícia Federal para investigar a caça clandestina de onças no Pantanal de Mato Grosso do Sul revela como era a ação de caçadores durante a matança dos animais. Segundo a PF, o vídeo foi enviado por um estrangeiro que teve acesso às imagens. O áudio é original do material enviado. A prática estava sendo vendida para outros países como uma atração turística.
(Alerta: o vídeo contém cenas fortes)
Filmado em inglês como um vídeo-documentário de aproximadamente 20 minutos, as imagens contrastam o cenário de belezas naturais do Pantanal com cenas chocantes de matanças de onças pardas e pintadas feita por caçadores brasileiros e estrangeiros.
Em um dos trechos do vídeo aparecem caçadores com vestimentas camufladas (iguais as fardas do exército), armados com espingardas e carabinas. Em uma das cenas mais fortes, o caçador aponta a arma para o animal que está no alto de uma árvore e atira. Ferida, a onça despenca da árvore.
Já em outro trecho do vídeo a prática se repete, mas desta vez com uma onça pintada. O animal está em cima da árvore, quando é atingindo pelo tiro de um dos caçadores.
O vídeo foi o estopim para o início das investigações que resultaram na operação Jaguar II, feita pela PF em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama/MS). Na tarde desta quinta-feira (5), policiais federais e agentes do Ibama apreenderam peles e partes de animais abatidos além de armas e munições na Fazenda Santa Sofia, localizada no município de Aquidauana, a 130 quilômetros de Campo Grande (MS).
Em entrevista ao G1, a proprietária da fazenda, Beatriz Rondon, confirmou a apreensão de armamentos, munições, peles e crânios de animais feita pela Polícia Federal em sua propriedade na tarde de quinta. No entanto a fazendeira não quis dar maiores esclarecimentos.
Versão da fazendeira
O advogado de Beatriz, René Siufi, informou que as peles, crânios e galhadas de animais que foram apreendidos na propriedade são antigos, de caças que aconteceram há aproximadamente 40 anos. Ele informou ainda que todo o armamento aprendido na fazenda está em situação legal.
“Todas as armas e munições que estavam na propriedade são legalizadas e possuem cadastro no Exército porque a Beatriz é uma colecionadora de armas”, explicou o advogado.
Siufi afirmou, ainda, que a Beatriz nunca permitiu caças em sua propriedade e lembrou que ela faz parte da Organização Não-Governamental (ONG) Sodepan, fundada por proprietários rurais, ambientalistas, pesquisadores e empresários do setor turístico.
A fazenda Santa Sofia é considerada uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e faz parte da Associação de Proprietários de Reservas Particulares de Mato Grosso do Sul (REPAMS), apoiada por diversas instituições ambientais como a WWF-Brasil.
Fonte: EPTV