Imagens divulgadas recentemente expuseram a dura realidade enfrentada pelos cavalos de charrete em Nova York, reacendendo o debate sobre a necessidade de banir a prática abusiva com urgência. As gravações, apresentadas pela organização de defesa animal NYCLASS e por sua diretora, Edita Birnkrant, mostram as condições de exploração e sofrimento impostas aos animais, explorados diariamente em meio ao trânsito intenso, calor, poluição e riscos constantes. Segundo Birnkrant, a situação é tão grave que resgatar cavalos dessa indústria é quase impossível, já que muitos passam anos submetidos a maus-tratos e acabam adoecendo de forma irreversível.
O debate ganhou força em 2022, quando Ryder, um cavalo idoso e debilitado, colapsou em plena rua de Manhattan após horas de trabalho sob calor extremo. O caso viralizou, gerou comoção mundial e se tornou símbolo da luta contra as charretes, dando nome ao projeto de lei conhecido como Ryder’s Law, que busca acabar com essa exploração na cidade. Apesar da ampla mobilização, o condutor responsável por Ryder foi absolvido no início de 2025, decisão que indignou ativistas e reforçou críticas de que a legislação atual falha em proteger os animais.
Desde então, novos episódios trágicos vêm acontecendo. Em agosto deste ano, a égua Lady, de 15 anos, caiu e morreu em Hell’s Kitchen, repetindo quase à risca a cena vivida por Ryder três anos antes. Também foram registradas colisões de charretes dentro do Central Park e cavalos em fuga pelo trânsito, situações que representam não apenas crueldade contra os animais, mas também riscos à segurança pública.
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A pressão para aprovar a Ryder’s Law (Intro 967) tem crescido. O projeto de lei prevê a proibição gradual das charretes em Nova York, impedindo a emissão de novas licenças e encerrando definitivamente a prática. A Central Park Conservancy, instituição responsável pela gestão do parque mais famoso da cidade, declarou apoio à proposta e pediu ao prefeito Eric Adams que defenda sua aprovação. Adams, por sua vez, já reconheceu que as charretes são “relíquias de um Nova York antigo” e admitiu que não têm mais espaço em uma metrópole moderna.
A indústria, porém, segue resistindo. O sindicato dos condutores lançou uma campanha publicitária milionária contra o projeto, alegando que o banimento prejudicaria trabalhadores. Ativistas rebateram, argumentando que a defesa desse setor significa, na prática, sustentar um sistema de exploração cruel e ultrapassado.
Para organizações de proteção animal, como a NYCLASS, o caso de Ryder e de Lady deixam claro que não se trata de incidentes isolados, mas de um padrão estrutural de abusos. Cavalos forçados a puxar charretes em ambientes urbanos sofrem com estresse físico e psicológico, e a manutenção dessa atividade revela a dificuldade da sociedade em romper com tradições que colocam o lucro acima da vida. A Ryder’s Law surge, portanto, como um passo essencial para que Nova York deixe de ser palco de cenas de sofrimento animal e se torne exemplo de respeito e compaixão.