Após semanas de mortes misteriosas de cães por suspeita de envenenamento com “chumbinho”, a Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira (21/10), um homem de 72 anos acusado de praticar os crimes em Jales, interior de São Paulo. A prisão preventiva foi decretada após a sexta morte confirmada por possível intoxicação e foi mantida após a audiência de custódia realizada ontem (22/10).
O idoso foi detido em sua casa, no bairro Jardim América, onde a polícia encontrou porções de “chumbinho” e um celular que será periciado. Segundo o delegado Marcel Farinazzo, responsável pela investigação, há indícios de que o suspeito tenha repetido o mesmo padrão em diferentes endereços da cidade.
No primeiro caso divulgado, registrado no dia 15 de outubro, câmeras de segurança flagraram um homem jogando uma sacola por cima do portão de uma residência. Pouco depois, uma das cachorras da casa ingeriu o conteúdo e começou a apresentar sintomas típicos de envenenamento, como diarreia, salivação intensa, espuma branca na boca e convulsões. Ela morreu minutos depois. “É revoltante ver tamanha crueldade. Ela era parte da família”, disse a tutora, Vitória Roberta, à TV TEM.
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Com a repercussão das imagens, outros tutores denunciaram situações semelhantes. Em 8 de outubro, um beagle de dez anos morreu após comer uma substância deixada em uma sacola na calçada. Já no dia 16, uma cachorra sem raça definida foi encontrada agonizando sob um carro, também com sinais de intoxicação. Em todos os casos, a substância suspeita se assemelhava ao “chumbinho”, cujo uso é proibido no Brasil por representar grave risco à vida de humanos e animais.
As ocorrências foram registradas como abuso e maus-tratos a animais, crime previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que prevê pena de até cinco anos de prisão e multa. A polícia agora investiga se todas as mortes foram provocadas pelo mesmo autor.
Na audiência, o juiz decidiu manter a prisão preventiva, destacando que a liberdade do acusado representaria risco à ordem pública e poderia permitir a repetição dos crimes.