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Idosa de 63 anos mora na rua para não abandonar seus cães em Cianorte (PR)

22 de junho de 2014
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

“Meu nome é Hermelinda Alcântara da Silva, mas é Hermelinda com H”, enfatizou a idosa de 63 anos e mãos calejadas. Ela mora nas ruas de Cianorte e ganha a vida catando latinhas acompanhada de Nego e Tato, de 2 e 6 anos de idade, respectivamente. Ambos são  SRDs que não saem de perto dela. E foi com eles que Hermelinda passou seu aniversário, no último dia 4.

Ela conta que poderia se abrigar temporariamente no albergue ou numa Igreja Cristã que lhe ofereceu estadia, mas ambos os locais não aceitam animais. “Como é que vou abandonar eles na rua?”, indaga com olhar perdido. Entre um teto só para ela, sem a companhia dos melhores amigos, Hermelinda, tem feito sua moradia em caixas de papelão.

“Eu cato as latinhas e vendo. Às vezes quero comer um lanche, às vezes tô com fome e quero comprar um pão no mercado, uma mortadela. Uma hora vou na rodoviária quero comer um pastel, comer alguma coisa, tomar um café. Comprar um remédio para os animais, uma ração.” No último período de chuvas, Hermelinda pagou R$ 220 para morar por 11 dias em uma pensão. “Mas já estava dando ‘zica’ por causa dos cachorros e eu também não queria prejudicar a gerente”, explicou.

Hermelinda vive os dissabores das ruas há cerca de três meses. Antes, ela trabalhou por longos períodos nas denominadas “frentes de trabalho”, oferecida pela Prefeitura. “Se tiver vaga consegue, mas eu já procurei esses dias e não achei”. Ela, que foi zeladora na escola Jorge Moreira lembra que seu último emprego foi no Lídia Ohi, no Cianortinho. “Mas eu saí de lá, porque vim morar de favor no Aquiles Comar e ficou muito longe. Como eu não tinha vale-transporte eu saí. Não tá fácil não. Porque para morar naqueles mundos e vir trabalhar aqui. Lá eu estava de favor na casa dos outros. Tenho até uns móveis lá, mas faz mais de três meses que nem vou ver minhas coisas. Nem sei se não venderam. Porque se for pra ficar levando desaforo eu prefiro morar na rua.”

Ela conta que tem um filho casado, que é boia-fria. O casal tem duas crianças que completam esse mês um e três anos, mas na casa pequena não há lugar para ela. Hermelinda explica que o quilo do alumínio está R$ 2,20. Na rodoviária, desembolsa R$ 3,00, caso não consiga tomar banho gratuito em outros locais. Com a chegada do inverno, ela diz que até aceitaria que alguém ficasse com seus cães, para ela ir para algum abrigo, temporariamente. “Eu sonho em ter um canto que eu possa ter minhas coisas, trabalhar e ter meus cães no quintal. Parei de fumar faz dez anos, também não bebo e nem uso drogas”, orgulha-se.

Fonte: Tribuna de Cianorte

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