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ESTUDO

Humanos invadirão ainda mais habitats de animais selvagens em mais de 50% das terras até 2070

A convivência entre pessoas e vida selvagem resulta em falta de segurança para muitas espécies

21 de agosto de 2024
Olivia Lee
3 min. de leitura
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Foto: Amir Cohen/Reuters

De acordo com descoberta, nos próximos 50 anos as pessoas irão se espalhar ainda mais sobre os habitats dos animais selvagens em mais da metade das terras do planeta, ameaçando a biodiversidade e aumentando a chance de futuras pandemias.

Os seres humanos já transformaram ou ocuparam entre 70% e 75% das terras do mundo. Um estudo publicado hoje (21/08) na revista Science Advances revelou que a sobreposição entre populações humanas e animais selvagens deve aumentar em 57% das terras do planeta até 2070, impulsionada pelo crescimento populacional humano.

“Há lugares, como florestas, onde praticamente não há pessoas, e onde começaremos a ver uma maior presença e atividades humanas, e interações com a vida selvagem”, disse Neil Carter, o principal pesquisador do estudo e professor associado de meio ambiente e sustentabilidade na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

“As pessoas estão aumentando suas pressões e impactos negativos sobre … espécies, algo que já observamos há muitos anos. Isso faz parte da causa da crise de perda de biodiversidade em que estamos”, afirmou Carter.

À medida que humanos e animais compartilham paisagens cada vez mais lotadas, a maior sobreposição pode resultar em um maior potencial para transmissão de doenças, perda de biodiversidade, pessoas matando animais e a vida selvagem se alimentando de colheitas, disseram os cientistas.

A perda de biodiversidade é o principal fator de surtos de doenças infecciosas. Cerca de 75% das doenças emergentes em humanos são zoonóticas, ou seja, podem ser transmitidas de animais para humanos, e muitas doenças que preocupam as autoridades de saúde global – incluindo Covid-19, mpox, gripe aviária e gripe suína – provavelmente se originaram na vida selvagem. Compreender onde as pessoas e a vida selvagem irão se sobrepor é essencial para prevenir “a aceleração da transmissão viral da vida selvagem”, disse Kim Gruetzmacher, veterinária de conservação da vida selvagem e pesquisadora que não participou do estudo, ao The Guardian.

“A grande maioria – até 75% – das doenças infecciosas emergentes (que podem levar a epidemias e pandemias) vêm de animais não-humanos, sendo que a maioria se origina na vida selvagem”, acrescentou Gruetzmacher. “Não é a vida selvagem em si que representa um risco, mas nosso comportamento e o contato específico com ela.”

Para prever a futura convivência entre humanos e vida selvagem, os pesquisadores da Universidade de Michigan compararam estimativas de onde as pessoas provavelmente irão habitar com a distribuição espacial de mais de 22 mil espécies.

Eles descobriram que a expansão da sobreposição entre humanos e animais será mais concentrada em regiões onde a densidade populacional humana já é alta, como na Índia e na China. Áreas agrícolas e florestais na África e na América do Sul também experimentarão aumentos substanciais na sobreposição.

No entanto, em algumas regiões, a sobreposição entre humanos e vida selvagem foi projetada para reduzir, incluindo mais de 20% das terras na Europa.

Esse tipo de análise pode orientar os formuladores de políticas a evitar os encontros entre humanos e vida selvagem e focar mais na proteção da riqueza de espécies, de acordo com Deqiang Ma, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorado no Instituto de Biologia de Mudanças Globais da Universidade de Michigan.

Rob Cooke, modelador ecológico do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, que não participou do estudo, disse que o estudo fornece “uma visão geral do que está acontecendo e do que pode mudar”, mas mais pesquisas são necessárias para entender “quais espécies e como vamos interagir, e quais as repercussões disso”.

Traduzido de The Guardian

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