Willy, 6 anos, entrou em uma depressão que foi preciso remédio para ele voltar a ser relacionar. Ritinha, 5, só aceita pessoas, nada de contato com outros animais, é antissocial. Catarina, 7, consegue tudo o que quer com as chantagens emocionais que ela sempre usa.
Comportamentos tipicamente humanos agora merecem a atenção dos tutores dos animais domésticos.
Se antigamente, quem tinha um cão se preocupava só com a parvovirose, cinomose e raiva (viroses que podem matar) hoje, a gama de preocupações e cuidados é muito maior.
“Há três anos nos mudamos de Maceió para Rio Preto. Willy era muito apegado a minha irmã Cristal. Ele sofreu demais com a separação e foi preciso antidepressivo para ele voltar a comer e brincar com a gente”, diz Monnalis Mota, 20 anos, tutora do poodle.
Ritinha passou por terapia e tomou florais para tentar se relacionar com os outros cachorros da casa. Não adiantou nada. Nem a mãe, Rosinha, ela aceita. Se colocar ela com os outros cães ela vai bater ou apanhar.
“A Ritinha nos ama, mas não aceita cachorros. Tentamos de tudo. Deixamos ela em um espaço separado dos outros cães”, diz a fisioterapeuta Rita Assunção, 48.
Rita também é a tutora da Catarina e já se acostumou com o temperamento da basset hound.
“Se eu for até a frente de casa ela faz tamanho escândalo que parece que estão matando. Enquanto como, a Catarina se senta, como se fosse gente, e começa a chorar. Quando ganha o que quer, dá risadinhas. É uma ordinária muito amada.”
Doenças
Além dos males emocionais tem também os físicos. Nick, 11, uma mistura de pinscher com fox paulistinha, tem diabetes e osteoartrite.
Ele toma medicação recomendada por veterinárias que o acompanham. É a mesma indicada para humanos, mas em doses proporcionais. A insulina é aplicada a cada 12 horas.
A alimentação também é bem controlada.
“Percebemos a mudança de comportamento do Nick. Quando surgem, não se deve pensar que é uma nova mania do animalzinho, pois se corre o risco de a doença progredir gravemente”, diz a professora Nilze Reguera.
A publicitária Fabiana Furlan, 37, chorou durante vários dias quando soube, há um ano e três meses, que Nanquim, um lhasa apso, de 9 anos, sofre de sopro.
“É uma doença degenerativa que atinge o coração e os rins.”
O cão toma quatro remédios por dia. Um deles é importado e custa R$ 300 a caixa. “Farei o que for possível para que ele tenha uma boa qualidade de vida até quando chegar a hora. Deus me confortou. Não quero ver meu cachorrinho amado sofrendo.”
Cachorros têm a estrutura física semelhante à humana
As doenças que atingem os seres humanos também podem acometer os cachorros com predisposição para alguns males.
Segundo Ana Silvia Dagnone. professora de clínica médica de pequenos animais da Unirp, conforme vão envelhecendo é comum os cachorros sofrerem de insuficiências renal, hepática, cardíaca, ter câncer e doenças reumáticas. “As formas de diagnóstico e tratamento são quase idênticas as dos humanos. Muitas drogas usadas são de seres humanos.”
Já as doenças emocionais, Ana Silvia diz que muitas vezes são reflexo do comportamento do dono do animal e também em função da humanização do animal.
“Uma pessoa estressada pode, pelas atitudes que tem, estressar o animal também”, diz.
A depressão é mais complexa. Não depende só do comportamento do dono do animal.
Ela é desencadeada por mudanças de comportamento, como o animal que sempre ficou dentro de casa ser colocado para fora ou uma criança que nasce e as atenções da família se voltam para o bebê e o cão fica em segundo plano, a “perda” do dono e até mesmo uma viagem.
“O que se chama de depressão é na verdade uma tristeza muito grande. O uso de florais pode ser uma alternativa.”
A síndrome do pânico é, na verdade, um medo exacerbado no animal e o “complexo de gente” uma alteração comportamental.
Segundo a especialista, o tutor do animal não deve tratá-lo com gente. “Humanizar o animal é um erro cada vez mais cometido por causa da solidão.”
Fonte: Rede Bom Dia