O Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (HVUTAD) devolveu ontem três grifos (Gyps fulvus) ao seu meio natural, após um período de cerca de ano e meio de tratamento.
“As aves foram libertadas após um período de tratamento, já que apresentavam sintomas de subnutrição e outras patologias. Verificamos que se encontravam aptas para se alimentarem e continuar a viver no seu meio natural sem precauções”, disse o veterinário da HVUTAD, Luís Silva.
As aves adultas foram encontradas doentes em localidades dos concelhos de Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Lamego, e entregues por agentes do SEPNA da GNR ao hospital, sendo ali submetidas a um longo processo de tratamento médico, culminando numa fisioterapia intensa no túnel de voo octogonal, “estrutura única em nível nacional” e que permite uma melhor preparação física das aves em recuperação.
“O túnel de voo octogonal permite que as aves voem durante o tempo de internamento e desenvolvam a suas aptidões naturais, para assim serem incentivadas a voar no seu novo habitat após o período de tratamento”, explicou o veterinário.
Os grifos foram libertados no miradouro do Penedo Durão, junto a Poiares, no concelho de Freixo de Espada à Cinta e depressa se ambientaram ao novo espaço, já que em poucos segundos abandonaram as caixas em que vieram acondicionados desde o HVUTAD até à nova casa. “Esta atitude desta espécie de aves é comum quando as mesma têm as asas secas e apresentam massa muscular suficiente e, após um período de treino, iniciam desde logo a sua aptidão para voo, aproveitando as correntes térmicas”, acrescentou um dos técnicos.
O calor e uma viagem de três horas fizeram com que as aves de asas com uma envergadura significativa “aguentassem” no seu ritmo de voo planado durante várias horas sem tocarem o solo.
O HVUTAD já cuidou nestes últimos três anos cerca de 1600 animais de raças autóctonas que foram devolvidos ao seu meio ambiente natural ou deslocados para centros de interpretação da avifauna. “Tiros, quedas do ninho ou embates com viaturas são comuns e estão na origem das principais causas de ferimentos nestas espécies”, concluiu Luís Silva.
Fonte: Público