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35 ÓBITOS EM 2025

Horror: Leoa e chimpanzé morrem durante procedimentos de anestesia no Zoológico de Belo Horizonte (MG); uma onça está internada

As duas mortes e o ferimento recente de uma onça-pintada mostram o cenário de alta mortalidade e sofrimento dentro do Zoo de Belo Horizonte, que já contabiliza um alto número de mortes para um único ano.

13 de novembro de 2025
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Redes Sociais / Reprodução e Flávio Tavares/ O Tempo

Em um intervalo de apenas um dia, dois animais morreram no Zoológico de Belo Horizonte, em Minas Gerais, durante procedimentos de anestesia. A leoa-branca Pretória, de 14 anos, faleceu na terça-feira (11/11), enquanto a chimpanzé Kelly, de 27 anos, morreu ontem (12/11) durante o procedimento. Além das mortes, uma onça-pintada está internada e em tratamento após sofrer uma fratura óssea.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, Pretória sofreu uma parada cardiorrespiratória durante a indução anestésica para um tratamento dentário e exames de rotina.

Pretória havia sido transferida há menos de um mês do Parque Beto Carrero, em Santa Catarina, após o local anunciar o fim das exibições com animais. Chegou a Belo Horizonte com uma grave fratura dental e necrose, lesões típicas de felinos em cativeiro, e seria incluída, segundo o zoo, em um “plano de proteção internacional”, termo frequentemente usado para justificar a reprodução e exposição de espécies em cativeiro.

Já a chimpanzé Kelly, segundo o prefeito Álvaro Damião (União), chegou ao zoo em outubro com um problema no útero e precisava ser anestesiada para realizar exames, procedimento ao qual não resistiu.

Kelly vivia há décadas em isolamento parcial e sob observação, refletindo o sofrimento mental comum entre primatas privados de liberdade. Sua morte durante anestesia é mais um sintoma do desgaste físico e emocional acumulado ao longo de anos de confinamento.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, todas as medidas de reanimação foram tentadas, mas sem sucesso em ambos os casos. A necropsia dos animais está sendo conduzida por especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Onça internada

Foto: Juan Espanha/FPMZB

Além das mortes de Pretória e Kelly, outra ocorrência chama atenção. A onça-pintada Maya, transferida para o local em abril deste ano, está internada e em tratamento após sofrer uma fratura óssea no membro posterior direito. Segundo a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), o quadro foi identificado em 17 de outubro, quando ela apresentou comportamento alterado e dificuldade para apoiar uma das patas.

Uma cirurgia ortopédica foi realizada em 21 de outubro, no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFMG, e ela segue em recuperação no hospital do próprio zoológico. Maya é uma onça-pintada do Cerrado brasileiro, transferida do Animália Park, em Cotia (SP).

Realidade dos zoológicos

A dimensão do problema é maior do que duas mortes isoladas e uma lesão. Conforme revelado pelo próprio prefeito, o Zoológico de Belo Horizonte registrou a morte de 35 animais apenas em 2025, sendo que a média anual dos últimos cinco anos é de 48 mortes.

Apesar das promessas de apuração, as mortes de Pretória e Kelly, e o ferimento de Maya, são parte de um problema que vai muito além de um suposto erro anestésico, o próprio conceito de manter seres sencientes presos em jaulas. Zoológicos se promovem como espaços de “educação” e “proteção”, mas perpetuam a exploração de animais silvestres em ambientes artificiais, onde o confinamento gera estresse crônico, distúrbios comportamentais e doenças.

Tais episódios não são fatalidades comuns, mas consequências previsíveis de um sistema que transforma vidas em propriedade institucional. Esses animais são submetidos a estresse constante, rotinas forçadas e condições antinaturais. Quando adoecem ou morrem, o zoológico trata como incidente técnico, não como o resultado de uma vida inteira de sofrimento.

As mortes de Pretória e de Kelly são uma consequência direta e previsível de um sistema que trata seres sencientes como propriedade, como atrativos para selfies e entretenimento passageiro. Enquanto os zoológicos existirem, histórias como a delas continuarão a se repetir.

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