Cheiroso, bem alimentado e desinibido sob o flash da câmera; esses são os adjetivos que podem descrever o cão Reinaldo, uma semana depois de ter sido resgatado de uma canaleta de água, à margem da linha férrea, no bairro Estamparia. O animal reencontrou o responsável pelo seu resgate: o morador de rua Reinaldo Silva, de 34 anos. Diferente do cão, que está em um abrigo, o homem permanece sob as marquises da cidade.
O reencontro aconteceu em frente do local do acidente. Questionado sobre o que sentiu no momento em que soube que havia um cão no buraco, o homem disse que apenas quis ajudar. “Vi uma multidão em volta do bueiro e me aproximei. Dei uma olhada e perguntei se poderia tirar o cachorrinho de lá. Hoje sei que corri risco de quebrar uma costela, ser picado por escorpião, mas na hora não tive medo. Me seguraram pelo pé, fiquei de cabeça pra baixo, dentro do buraco, e na terceira tentativa consegui pegar o cão. Quando voltei e sentei com ele no meu colo, o povo me aplaudiu e me chamou de herói. Disse que herói é Deus, mas fiquei emocionado”, lembrou Reinaldo, acrescentando que espera que o animal encontre um lar e que as pessoas cuidem bem dele. “Ele tem vida, gosta de carinho e amor também”, avaliou.
Quando a pergunta foi sobre o que ele espera que aconteça com a própria vida, o homem ficou surpreso. Mesmo com a esperança adormecida, ele respondeu: “Morava em um barraquinho no bairro Piteiras, mas o dono pediu o barraco e hoje não tenho condições de ajudar ninguém. Preciso ser ajudado. Devo estar uns cinco dias sem tomar banho. Preciso de uma chance e da esperança que o cachorrinho teve de sair daquele buraco. Todos merecem uma chance. Estou preparado para ela”, declarou o morador de rua.
Durante uma conversa entre herói e mocinho, Reinaldo homem disse a Reinaldo cão: “Deus te deu outra vida. A minha vez também vai chegar”.
Proteção aos animais
A coordenadora da Associação de Proteção aos Animais (Apa), Angelita Medeiros, disse que algumas pessoas estão interessadas em adotar o cão. “Por enquanto o animal está no canil da Apa. Algumas pessoas estão interessadas em adotá-lo, mas precisamos avaliar, pois a decisão não pode ser apenas momentânea”, disse a coordenadora.
Já a coordenadora de projeto social do Instituto Planeta dos Animais (Ipan), Cláudia Damião, pediu para que as pessoas e o poder público enxerguem a importância que o animal tem. “É uma vida. Precisamos combater os maus-tratos e promover uma campanha de controle populacional desses animais nas ruas. Cada cadela tem de seis a dez filhotes em uma única gestação. Muitas pessoas e associações não têm como custear a cirurgia, que é de cerca de R$250”, disse Cláudia, lembrando que a APA realiza durante todas as manhãs de sábado, uma feirinha de doação de animais, na lateral do Jardim das Preguiças, na Rua Duque de Caxias, no Centro. Os interessados em doar seus cães ou adotar um, devem ir até o local.
Fonte: A Voz da Cidade
