Quando Jesse Agus Martinez cruzou a fronteira do México para o sul da Califórnia no final de outubro, ele disse que não tinha nada consigo. Então, um agente da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos notou um volume na cueca dele. Martinez, de 35 anos, foi indiciado na sexta-feira passada por contrabando em âmbito federal, semanas depois de ter sido encontrado com dois periquitos-de-testa-laranja fortemente sedados em suas calças, informou o gabinete do procurador dos EUA para o Distrito Sul da Califórnia em um comunicado à imprensa.
Caso seja condenado, ele poderá enfrentar uma multa de até 250 mil dólares (cerca de R$ 1,3 milhão) e uma pena máxima de 20 anos de prisão. As aves, que são uma espécie protegida nativa do México, foram encontradas por volta de 23 de outubro, “aparentemente inconscientes, mas respirando”, dentro de dois sacos, de acordo com os procuradores federais.
Martinez, um cidadão americano residente no México que foi detido em setembro tentando entrar no país com um papagaio, “alegou várias vezes” que o volume era seu pênis, de acordo com os autos do processo, mas, quando os agentes alfandegários o revistaram, ele disse que tinha pássaros na região da virilha. Um inspetor do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA identificou as aves como periquitos protegidos, e eles foram colocadas em uma gaiola com comida e água, de acordo com os registros judiciais.
O advogado de Martinez não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito no sábado. O Ministério Público Federal também se recusou a comentar. O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, que está investigando o caso, também não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.
Os periquitos-de-testa-laranja, cujo nome científico é Eupsittula canicularis, estão listados como “vulneráveis” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, o catálogo global mais abrangente sobre o estado de proteção de espécies animais e vegetais.
O comércio de animais exóticos representa a maior ameaça para as aves, segundo o grupo, que observa que entre 1998 e 2008, mais de 8.000 aves foram capturadas legalmente, tornando-a a segunda espécie de papagaio mais procurada no México. O país proibiu o comércio de papagaios em 2008, mas “a captura ilegal ainda ocorre no México, embora tenha diminuído nos últimos anos”. As aves também estão ameaçadas pela perda e degradação do habitat, segundo o grupo.
Martinez, que disse ter escondido os pássaros por não possuir a documentação correta para levá-los aos Estados Unidos, alegou que as aves eram seus animais domésticos, que ele ganhou de seu tio no México, e que planejava “mantê-las em uma caixa de sapatos em sua van”, de acordo com os autos do processo.
Ele disse que tentou trazer um pássaro para o país em setembro, mas foi detido por agentes alfandegários e o animal foi confiscado. Os registros judiciais indicam que ele tinha um papagaio escondido em uma toalha debaixo do braço e que, segundo documentos da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CPB), o animal foi “posteriormente sacrificado”.
Animais selvagens importados devem ser colocados em quarentena antes de serem introduzidos no país, afirmou o gabinete do procurador dos EUA, observando que muitos animais são portadores de doenças, como a gripe aviária, que podem infectar humanos ou outros animais. Segundo registros judiciais, as aves encontradas em Martinez foram levadas para o Centro de Importação de Animais do Departamento de Agricultura dos EUA em Rock Tavern, em Nova York, para quarentena, onde “constatou-se que estavam bem”.
Fonte: O Globo