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Homem desiste de matar porco e o adota

23 de outubro de 2019
2 min. de leitura
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Ilustração | Pixabay

O agricultor Júlio Aureliano comprou um porco com a intenção de matá-lo num final de semana, quando receberia familiares para o almoço de domingo.

Acostumado a matar os animais que consumia em “datas especiais”, negociou a compra de um suíno na segunda-feira e o levou para casa, uma chácara a 15 quilômetros da área urbana de Alto Paraná (PR).

“Nunca tive problema em abater animais. Acho que porque era o que meu pai fazia e o pai dele também. Então você cresce acreditando que isso é natural e que não há nada de errado em continuar nesse caminho.”

Na segunda à tarde, após prender o porco em um pequeno curral improvisado, o encontrou esfregando a cabeça em uma porção de terra arenosa mantida em um canto.

O animal sentia muito calor – concluiu. Buscou água e esparramou pelo chão. O porco rolava de um lado para o outro e o observava. “Parecia que agradecia”, diz.

Mais tarde, Aureliano retornou e testemunhou o porco, já alimentado, escondendo um pouco de milho com o focinho. Nunca tinha visto nada parecido. Ou talvez tivesse visto, mas ignorado por desatenção.

Estranhando a atitude do animal, fingiu ter deixado o curral e escondeu-se a poucos metros esperando reação para entender porque estava escondendo comida. Minutos depois, uma pombinha entrou no local pela abertura no telhado e começou a comer o milho guardado pelo porco.

Parecia ser a mesma pombinha faminta que Júlio Aureliano expulsou inúmeras vezes do curral para não “fuçar no milho”.

“Dormi pensando naquilo, que o porco que a gente iria comer se importava com outra criatura, de outra espécie, enquanto eu já tinha planejado tudo para matar o coitado no sábado. E ainda negava milho pra pombinha.”

No dia seguinte, a mesma história se repetiu. O porco separou milho para alimentá-la. Cerca de uma hora depois, Aureliano o tirou do curral e permitiu que brincasse na grama do quintal. “Se coçava e rolava, parecia cachorro.”

No domingo, o almoço virou piquenique e a carne de porco, bem, continuou viva no corpo do porco. “Perdi a vontade de comer carne e expliquei pra minha família. No fim, deu tudo certo.” Vidão, o porco, já faleceu, mas viveu mais de dez anos em liberdade, segundo Júlio Aureliano. “Até os vizinhos traziam comida pra ele. Todo mundo gostava do Vidão.”


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