Um homem decidiu caminhar de Pirenópolis até Goiânia, em Goiás, um trajeto de cerca de 120 quilômetros, depois de ser impedido de embarcar em um ônibus com seu cão.

A viagem, que começou em Gouvelândia, feita sob o calor intenso que tem marcado os últimos dias no estado. Empurrando um carrinho improvisado com alguns pertences e mantimentos, ele segue firme, sempre acompanhado do cachorro, que tem como filho. Segundo o próprio tutor, deixar o animal para viajar não era uma opção. “Não tem como deixar ele”, disse.

“Eu o vi pela primeira vez quando seguia para Santa Helena. Pensei em parar, mas continuei. Mais tarde, ao meio-dia, precisei voltar para Quirinópolis e o encontrei novamente. Parei, ofereci água e o que tinha na caminhonete, um doce e perguntei para onde ele ia. Ele disse que estava a caminho de Goiânia. Perguntei por que não pegou um ônibus e se estava com fome. Respondeu que não viajou porque não podia levar seu cachorro. Quis saber se havia algum lugar próximo para comer, e falei que havia, mas a uns 20 km dali.

Eu não podia levá-lo porque tinha um compromisso em Quirinópolis às 13h, mas dei R$ 200 para ele almoçar. Ele chorou, perguntando se era verdade. Respondi: ‘Sim, Deus te abençoe, meu amigo’. Saímos chorando, disse William Soares à TV Quirinópolis.

O autor da publicação original e incentivou outras pessoas a ajudarem.

O caso vai além da emoção e mostra um problema que afeta milhares de brasileiros, a falta de políticas públicas e de normas que reconheçam cães e gatos como parte da família.

Em abrigos emergenciais, ônibus e até em programas habitacionais, a presença de animais domésticos ainda é proibida ou limitada, forçando muitos tutores a escolher entre a própria segurança e a companhia dos seus animais.

A realidade de família multiespécie, núcleo familiar que inclui animais, precisa de consideração e respeito. Embora o vínculo seja reconhecido pela ciência e, cada vez mais, pela Justiça, ainda está ausente de leis e práticas de empresas e governos.

Garantir transporte, abrigo e assistência para famílias multiespécie é um passo essencial para que ninguém precise caminhar 120 quilômetros debaixo do sol para não se separar de quem ama.