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GUERRA NA UCRÂNIA

Homem ajuda família que se recusou a abandonar cão a encontrar um abrigo seguro

19 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | The Dodo | Aaron Jackson

O ativista norte-americano Aaron Jackson atua há anos resgatando e ajudando animais. Ele fundou a organização Planting Peace e assim que soube do início da invasão russa pelos noticiários, a primeira coisa que veio à sua mente foram os animais indefesos que vivem na Ucrânia. Jackson viajou para a Europa Oriental imediatamente e chegou até a Polônia. Lá, o ativista se surpreendeu com o número de famílias e animais que estavam vivendo em estações de metrô e trem sem saber para onde ir ou o que fazer.

Ele acredita que os tutores que fizeram todo o possível para sair do país com os seus animais não devem ser separados dos seus queridos amigos de quatro patas. “Dois milhões de pessoas deixaram a Ucrânia e a maioria dessas pessoas está migrando para a Polônia. Então, moradia se tornou uma coisa incrivelmente complexa de se encontrar. É ainda mais complexo quando você tutela um gato ou cachorro, porque há espaços limitados e nem todo lugar permite animais”, afirma.

Jackson e sua equipe começaram a fazer fichas de identificação para que tutores e animais não se perdessem. Depois, eles partiram em busca de locais seguros para abrigar familiares com seus animais domésticos. Enquanto conversava com o diretor de um abrigo polonês, uma família ucraniana, devastada emocionalmente, se aproximou do ativista. Os refugiados estavam com uma cadelinha cocker spaniel chamada Bella.

A família conseguiu tirar a cachorrinha da Ucrânia, mas não tinha mais como cuidar dela. Eles estavam dilacerados, mas queriam o melhor para Bella. Os tutores do animal foram ao abrigo pedir uma vaga para a cadela, para que ela não ficasse exposta ao frio e sentindo fome nas ruas como eles estavam. Jackson ficou muito comovido e começou a acionar diversos contatos. Ele sentiu que ali existia uma tristeza sincera e um amor profundo por Bella.

Em 20 minutos, o ativista conseguiu encontrar um albergue para instalar a família, que não precisaria mais abandonar a cadela. “Foi realmente incrível que as estrelas se alinhassem assim”, disse Jackson. A família ucraniana não conseguiu conter as lágrimas. Além de conectar as famílias a moradias seguras, a Planting Peace está doando ração e transportadoras para os nove principais centros de refugiados instalados ao longo da fronteira.

Corrente do bem

Ativistas em defesa dos direitos animais que estão arriscando as próprias vidas nas zonas de guerra da Ucrânia para resgatar animais que se perderam dos seus tutores durante bombardeios estão realizando uma campanha virtual para que os cães e gatos salvos sejam devolvidos às suas famílias em segurança. Diariamente, voluntários estão dirigindo por milhares de quilômetros em estradas perigosas para levar animais até as fronteiras para reencontrar seus tutores que estão refugiados nos países vizinhos.

O grupo de ativistas Breaking Chains assumiu o compromisso de atuar no front, na linha de frente, resgatando animais feridos e assustados que se esconderam em meio aos escombros com medo das explosões. “Estamos trabalhando para reunir animais com pessoas que perderam seus maridos, perderam seus filhos, perderam suas casas, perderam seu país, perderam seus empregos – esses refugiados não têm nada além do amor que têm por esses animais, que são parte da família”, disse um porta-voz.

O representante do grupo disse que está há uma semana sem dormir e tomar banho, mal tem tempo para se alimentar, pois cada segundo é crucial para os animais que estão em zonas de risco. O Breaking Chains conta com o apoio de ativistas e ex-militares britânicos que foram ao local voluntariamente. Até agora, 120 animais já foram resgatados e entregues aos seus tutores. Além de salvar cães e gatos, o grupo também está ajudando seres humanos e crianças.

Drama interminável

A invasão russa forçou mais de três milhões de pessoas a fugirem da Ucrânia. Muitos civis conseguiram deixar o país com seus animais domésticos, mas em meio a tumultos, bombardeios e muita correria, tutores que planejavam fugir com seus cães e gatos acabaram se separando dos seus animais, que correram assustados e se esconderam em meio aos escombros em busca de abrigo.

Muitos voluntários estão se arriscando em zonas de conflitos para resgatar esses animais, que estão profundamente traumatizados pelos sons das bombas e a ausência de seus tutores. Muitos guardiões que conseguiram contatar ativistas e responsáveis por abrigos deixaram a descrição dos animais na esperança de reencontrá-los no futuro.

Os abrigos da Ucrânia estão superlotados e muitos foram alvos de ataques. Ativistas poloneses e romenos estão cruzando a fronteira e resgatando o máximo de animais que conseguem e levando para abrigos de campanha. Segundo o Washington Examiner, muitos animais encontrados em diversas cidades ucranianas estão sendo levados para abrigos distantes.

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