Assim que Sharon van Rouwendaal saiu do Rio Sena, onde acabara de conquistar a medalha de ouro na maratona aquática, sua primeira reação foi chorar, erguer o punho direito e apontar para a pata de cachorro tatuada nele. Embora já tivesse subido no lugar mais alto do pódio na mesma prova na Rio-2016 (e sido prata, em Tóquio) a vitória desta quinta foi diferente. Veio com uma sensação agridoce.
A tatuagem é recente. Foi feita após a morte de seu cachorro, em maio. Foi uma homenagem e forma de não deixar que a lembrança dele se vá com o tempo. Batizado em referência ao primeiro ouro olímpico, o cãozinho Rio esteve presente no segundo. Desta vez, como memória, como força para vencer.
“Meu cachorro era meu tudo. Não vou recuperá-lo com isso, mas nadei para ele”, afirmou ao site holandês NOS.
A escolha do braço direito para receber a tatuagem não foi aleatória. Foi o primeiro a bater na chegada da prova na Rio-2016. Sharon se considera solitária. Sua rede é formada apenas pela família. A rotina de viagens não a permite fortalecer amizades. Com exceção do amigo de quatro patas que ela perdeu há três meses.
“Meu mundo desabou um pouco. Realmente era meu bebê. Então, quanto vale uma medalha? Nada mais parecia importante”, refletiu. “Mas então meus pais me disseram para tentar de novo. Foi então que decidi dar tudo de mim mais uma vez para estes Jogos Olímpicos”.
Foi a melhor decisão. Sharon venceu nesta quinta com o tempo de 2h03min34s. A italiana Moesha Johnson chegou 5,5 segundos depois. A italiana Ginevra Taddeucci completou o pódio, 8,6 segundos depois da campeã. Já a brasileira Ana Marcela Cunha, que defendia o título, ficou em quarto.
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Fonte: O Globo