Desde 2016 a cidade de Alfenas conta com campanhas de castração. Campanhas de valor social ou, quando organizadas pelo Poder Público, gratuitas para a população.
As campanhas de castração exigem muito trabalho! Antes, durante e após são várias mãos que juntas, se preocupam com cada detalhe. Dos animais completamente sem tutor, que serão buscados ao lanche dos voluntários. A organização e a manutenção do espaço. Terminamos uma campanha exaustos, porém felizes com aquela sensação de dever cumprido.
Ainda enfrentamos muitas resistências. Mas insistimos, pois sabemos que quanto mais se castra, menos demandas de ninhadas abandonadas, menos cadelas no cio pelas ruas, menos abandono e consequentemente menos maus tratos.
A castração de cães e gatos não é e não pode ser uma ação isolada. São várias ações que compõe as Políticas Públicas Populacionais para Cães e Gatos. E todas são importantes! Qualquer protetor minimamente sério tem a plena consciência disso e a plena consciência de como é trabalhoso e árduo sensibilizar gestores sobre a importância do tema.
Às vezes nos sentimos cansados e desmotivados. Daí vem uma nova campanha de castração e ali ouvimos histórias. E como essas histórias nos fortalecem. Eis uma delas:
Casal jovem, sentados no chão e no meio deles uma filhote daquelas padrão complexo. Porte grande, cor não desejável para adoção (sim, já falamos sobre isso também e ainda existe muito preconceito com certos padrões de cores para adoção). A perspectiva de uma cadela daquele tamanho é trazer 10, 12 filhotes por ninhada.
A bonitinha no meio daquele casal, com aquele olhar que conhecemos bem. Aquele olhar dos primeiros contatos de recém adoção. Estava muito bem cuidada, pelo brilhando, já gordinha e aguardando sua vez de castrar.
Quando eu cheguei, a moça me vê e abre um sorrisão: “lembra de mim?”
Lembrei! Eu já havia visto os dois em vários mutirões anteriores. Mas nossa, quantos cães de vocês ainda falta castrar?
A resposta me veio com tamanha admiração. Não falta nenhum. Todos os nossos já estão castrados. Mas sempre que a gente pode, a gente busca animais abandonados, recupera e castra. Alguns conseguimos lar, outros mantemos castrados e vacinados cuidando no local. A gente sai todos os dias para alimentá-los e ver se estão precisando de alguma coisa.
A cachorrinha em questão foi nascida em um ponto de abandono conhecido aqui de Alfenas. A mãe, muito arisca, está na nossa mira tem tempo. Porém, não é tão simples quanto as pessoas imaginam.
Essa filhote, eles conseguiram pegar por sorte. Estava dentro de um bueiro e com fome, ela saiu para comer e eles conseguiram. Orgulhosos ainda falam. Decidimos adotá-la!
Relatam ainda que tem sido difícil, ela é assustada, se esconde. Porém desistir dela não é opção. Me falam com aqueles sorrisos: “com amor e paciência, tudo se ajeita!” E se ajeita sim. Somos nós, animais humanos, que queremos as coisas prontas e dentro da nossa métrica. Acho que é por isso que as pessoas desistem, abandonam ou devolvem animais retirados de abandono ou maus tratos. Porque esperamos um ideal de cachorro ou gato. E esse ideal não existe. Cada um é um indivíduo único, com temperamentos, preferências e traumas também e por isso a adoção de substituição deve ser evitada.
Pessoas como este casal são uma brisa da manhã em nossos sufocados dias da proteção animal. São pessoas que compreendem que a responsabilidade é de toda sociedade. E estão fazendo a parte deles com dedicação e maestria. Eles são se importam de esperar horas para castrar um animal que não é deles porque eles são sensíveis tanto da nossa sobrecarga quanto da necessidade de que mais pessoas se unam a esta batalha.
É imperativo que mais e mais pessoas se juntem neste exemplo. Compreendam este momento como um aprendizado de amor, de responsabilidade e de solidariedade. Seja parte da solução!
Na próxima semana vamos nos encontrar novamente com um tema para lá de especial. Eu espero você!
Não se esqueça de interagir com esta coluna!!!
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião deste portal de notícias e são de inteira responsabilidade de quem a assina.
Fonte: O Alfenense