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A história de Faísca, cão em luto pela morte de seu tutor, um morador de rua da Bela Vista (SP)

15 de maio de 2015
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Seu Mauro e Negão: amizade de onze anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Mauro e Negão: amizade de onze anos (Foto: Arquivo Pessoal)

No último dia 29, os moradores da Bela Vista presenciaram uma cena comovente. O SRD Faísca, conhecido como Negão, recusou a separação de seu tutor, o morador de rua de 65 anos Mauro Queiroz, que morrera durante a madrugada por causa de um ataque cardíaco.
Com uma feição triste, ele ficou ao lado do tutor, com quem viveu durante boa parte de seus 11 anos de vida, mesmo quando o corpo já estava totalmente coberto por um cobertor térmico de alumínio. Quando o veículo do Instituto Médico Legal chegou para levar o homem, o cão apenas observou-o ir embora, com um olhar perdido.
A gestora em recursos humanos Danielle Brunetti ajudava os amigos desde 2007. Moradora de um prédio em frente ao viaduto sob o qual a dupla morava, ela foi ao socorro do cachorro quando soube da situação e levou-o para seu apartamento. Não adiantou. O peludo latiu, se debateu e arranhou a porta. Acabou voltando para a rua. Uivou durante duas noites.
Está agora nas mãos de um amigo de Seu Mauro, o também morador de rua Mizael de Oliveira, de 55 anos. “Fico com ele para a vida inteira se precisar”, afirma ele, que dorme em um colchonete embaixo do mesmo viaduto, abraçado com o animal.
Faísca é paparicado por diversos moradores da região. Ganha comida, brinquedos, carinhos… Já foi até encaminhado ao veterinário e recebe florais e vitaminas. “Existia uma interessada em adotá-lo, mas sumiu”, diz Danielle, que afixou um cartaz na parede da ponte pedindo que os passantes ajudem de alguma forma.
“Quando ocorreu o caso, várias pessoas apareceram para ajudar, mas esse número diminuiu. Precisamos de constantes doações de carne. Ele não come mais ração, porque não tem os dentes. Queremos que tenha uma vida de príncipe.” Busca-se um tutor bacana, com uma casa espaçosa
Antes, Negão era fiel escudeiro do tutor, indo para lá e para com ele. Seu Mauro adotou-o quando viu um grupo de pessoas tentando arrancar um dos dedões do animalcom um alicate. Salvou-o, mas o cão acabou com a pata danificada.
Agora, dá umas voltas pelas ruas do pedaço, mesmo com com problemas nas articulações, por causa da velhice, e segue Seu Mizael, mas sempre sentido saudades do antigo companheiro, em luto.
História parecida foi vista no filme Sempre ao Seu Lado. Na trama, todos os dias, um cão da raça akita, batizado de Hachiko, esperava na estação de trem por seu dono voltar do trabalho, até mesmo após a morte dele. Não à toa os cachorros são conhecidos por sua fidelidade, certo?
Fonte: Veja SP

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