As hienas podem ‘contar’ perfeitamente até três, ao menos quando se sentem ameaçadas. De acordo com cientistas da Universidade Estadual de Michigan em East Lansing, nos Estados Unidos, animais da espécie Crocuta crocuta dão respostas — entendidas pelos pesquisadores como níveis de vigilância — diferentes na presença de um, dois ou três indivíduos desconhecidos. Um artigo sobre o trabalho foi publicado no periódico especializado Animal Behaviour.
A avaliação numérica aumenta a lista de capacidades cognitivas que as hienas compartilham com os primatas. Também dá suporte a teorias como a dos jogos, que apontam como indivíduos analisam o número de oponentes antes de se envolverem em interações agressivas. Isso poderia ser entendido por evolucionistas como uma vantagem seletiva, pois comprar uma briga perdida é claramente uma vocação ao fracasso — especialmente em ambientes selvagens.
Para chegar a esses resultados, pesquisadores avaliaram a reação de hienas na Reserva Nacional Masai Mara, no Quênia, ao escutarem gravações de hienas de outros clãs da Tanzânia, Malawi e Senegal. Os ruídos (ou ‘risadas’, como costumam ser chamados os sons que esses animais emitem) eram desconhecidos e poderiam ser, assim, interpretados por elas como ‘conversas de inimigo’.
Surpreendentemente, porém, quase todos os 39 animais (a maioria composta por fêmeas) submetidos ao teste mostraram níveis de vigilância maiores quando gravações de mais de um animal eram emitidas.
Para alguns cientistas, o comportamento das hienas — vivendo em organizados clãs hierárquicos com até noventa indivíduos — poderia explicar como primatas desenvolveram grandes cérebros (e, consequentemente, a inteligência) para manter o controle em conflitos sociais, pois vivem em grandes grupos. Alguns macacos podem contar até sete.
Fonte: Veja