Sem os cuidados certos, cães e gatos sobretudo, podem sofrer com desidratação, isquemia e problemas no coração com altas temperaturas e o tempo seco. Ambos, diferente dos humanos e de outros animais, como os cavalos, não possuem glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo e não conseguem controlar a temperatura corporal por meio do suor. Eles usam, em contrapartida, as patas e a respiração para regular a temperatura e resfriar o corpo.
“Por este motivo os cães e gatos tendem a ficar mais quietos e letárgicos no calor. Parece que eles estão descansando ou ficam um pouco mais moles. Na verdade, eles estão fazendo essa termorregulação para chegar na homeostase, ou seja, quando o corpo entra em equilíbrio de temperatura. Porém, essa ação gasta muita energia e eles se cansam muito mais fácil”, explica a veterinária de São Paulo, Beatriz Queiroz Muniz.
“Entre os principais sintomas e sinais de alerta que os animais podem apresentar durante o calor e o tempo seco e que devemos ficar atentos são o estado de letargia, sonolência, respiração ofegante e excessiva, tremores, salivação, inquietação e falta de apetite. Sintomas mais graves como diarreia e vômito, gengivas e línguas arroxeadas e incoordenação motora podem ocorrer”, afirma Marina Ferreira, veterinária de São Paulo e proprietária de uma pet shop na capital paulista.
Cães também podem sofrer por desidratação por perda rápida de líquidos e falta de reposição, além de problemas neurológicos, como convulsões. No calor, a insolação por exposição ao sol e queimaduras nas patas, decorrentes do contato com superfícies quentes, também podem ser problemas severos para os bichos. Eles podem apresentar ainda vasodilatação, ou seja, quando há o aumento do fluxo sanguíneo.
“Cachorros e gatos chamados ‘braquicéfalicos’ (pug, bulldog, shih-tzus e persas), ou seja, que apresentam uma cabeça mais achatada e o focinho mais encurtado, correm maior risco com as altas temperaturas e o tempo mais seco em razão de suas características físicas que prejudicam suas vias respiratórias e não conseguem fazer uma boa termorregulação. Cachorros e gatos brancos também não podem ficar expostos ao sol por longos períodos, pois podem desenvolver câncer de pele com maior facilidade”, explica Queiroz.
O médico veterinário Alexandre Pina, especialista em virologia e professor da Universidade Unigranrio de Duque de Caxias, afirma que o ideal é manter o animal dentro de casa ou em um lugar sombreado, com o chão mais fresco.
“Deve-se trocar de duas a três vezes por dia a vasilha de água para ter um líquido mais fresco e frio, estimular a hidratação do cão e evitar passeios em horários em que o sol esteja mais forte, ou seja no final da manhã até umas 16 horas. Prefira sempre sair no começo da manhã ou à noite”, afirma Pina.
Mais de 80% dos tutores de cães relatam treinar seus cães com menos vigor, ou por períodos mais curtos, durante o tempo quente e seco. O ventilador é indicado. Mas nem todos gostam do vento do aparelho, alguns se sentem incomodados. É só observar. Se eles rejeitarem, se afastam. Não insista. O ideal é o ventilador não ficar voltado direto para o cachorro. Coloque- em um local mais alto ou no modo giratório.
O veterinário afirma que o cão deve ser estimulado desde pequeno a brincar com água. Se isso não foi feito na infância, eles podem resistir um pouco na fase adulta. O gelo na tigela também acaba sendo uma boa opção.
Fonte: O Globo