A hanseníase foi identificada pela primeira vez em duas populações diferentes de chimpanzés selvagens. A descoberta de pesquisadores da University of Exeter, no Reino Unido, refere-se a animais que habitam o Cantanhez National Park, na Guiné-Bissau, e o Taï National Park, na Costa do Marfim.
Embora tenha sido o primeiro diagnóstico em chimpanzés que vivem livres na natureza, há relatos de casos identificados em macacos mantidos em cativeiro. A bactéria Mycobacterium leprae, causadora da doença, tem os humanos como principais hospedeiros e já foi identificada em tatus e esquilos.
De acordo com o pesquisador Kimberley J. Hockings, que lidera o estudo, a maior incidência da hanseníase em animais selvagens pode ter relação com o contato com humanos ou outras razões ainda desconhecidas.
Co-autora da pesquisa, Charlotte Avanzi, pesquisadora da Colorado State University, explicou que “as cepas identificadas em cada população de chimpanzés são diferentes, e elas são raras em humanos e outros animais”. “Este estudo abre uma nova frente para a compreensão da transmissão desta doença em países onde ela é endêmica”, acrescentou.
Embora os pesquisadores não tenham chegado a conclusões sobre a origem do contato com a bactéria, eles apontam a proximidade do habitat dos chimpanzés com assentamentos humanos na Guiné-Bissau, apesar dos animais não perseguidos por caçadores na região.
Na Costa do Marfim, no entanto, a realidade é outra, já que os chimpanzés vivem em uma região mais isolada, o que leva os pesquisadores a acreditar que o contágio pela doença pode ter ocorrido através do contato com outros animais infectados ou outra fonte presente na natureza, como carrapatos e até mesmo a água.