Com a preocupação da propagação da varíola dos macacos, o “Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC)” cogita como ‘último recurso’ condenar à morte hamsters, gerbos e porquinhos-da-índia, caso não seja possível mantê-los isolados. Os roedores foram identificados como portadores da doença na África Ocidental e Central.
O ECDC disse que é “teoricamente possível” que as pessoas na Europa possam transmitir a varíola dos macacos para seus animais, que podem agir como um reservatório e transmiti-la de volta aos seres humanos. O relatório afirma que: “Atualmente, pouco se sabe sobre o risco de transmissão através dessas espécies de animais, pequenos mamíferos, que podem se transformar em hospedeiros para o vírus da varíola dos macacos.”
As autoridades nacionais de saúde estão trabalhando em parceria com veterinários para garantir que haja uma capacidade de testes suficientes, sendo possível assim encaminhar para a quarentena apenas animais que foram expostos à varíola dos macacos, sendo testados novamente antes que a quarentena termine. Cães e gatos poderão ser isolados em casa se houver um espaço adequado, ao ar livre, com o monitoramento constante de um veterinário para examiná-los, disse o ECDC.
A doença, descoberta pela primeira vez em macacos de laboratório no final da década de 1950, tinha sintomas leves, mas agora pode se agravar em alguns casos, com risco de morte de até dez por cento das pessoas que infecta. A cepa mais leve que causa o surto atualmente, mata um em cada 100, semelhante aos primeiros casos de Covid.
A varíola dos macacos tem um período de incubação de até 21 dias, o que significa que pode levar três semanas para que os primeiros sintomas apareçam. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Erupções geralmente iniciadas no rosto podem se desenvolver, se espalhando para outras partes do corpo, incluindo genitais. As feridas se parecem com varicela ou sífilis, formando crostas que depois caem.
As autoridades de saúde do Reino Unido solicitam que as pessoas confirmadas positivamente com a doença, se auto-isolem em casa por três semanas e evitem o contato com crianças. A vacina Imvanex está sendo usada em pessoas não contaminadas na tentativa de formar um grupo imune, tentando assim limitar a propagação da doença.
Fora do Reino Unido, a Espanha tem sido um dos países mais afetados até agora, registrando o maior número de infecções, com 84 casos confirmadas até agora e outras 55 pessoas sendo testadas. Os surtos foram atribuídos a aglomeração em uma sauna em Madri e a um festival, com a presença de 80.000 pessoas da Grã-Bretanha e de outros países europeus.
No últim fim de semana, o surto de varíola na Grã-Bretanha atingiu 90 casos, enquanto a Inglaterra registrou mais oito casos, a Escócia detectou outros dois e o País de Gales e a Irlanda do Norte confirmaram suas primeiras infecções. As autoridades da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) já registraram 57 casos em pouco mais de quinze dias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda considera a situação ‘controlável’. Segundo a Dra. Maria Van Kerkhove, líder de doenças emergentes da OMS, disse: “Queremos parar a transmissão de humano para humano. Podemos fazer isso nos países não endêmicos. No entanto, não podemos ignorar o que está acontecendo.”
Dr. Hopkins, da Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido (UKHSA), disse à BBC: “O risco para a população em geral permanece baixo, mas as pessoas precisam estar alertas e nós realmente queremos que os médicos estejam alertas também.”
Falando em uma sessão de perguntas e respostas ao vivo da OMS sobre a varíola, a Dra. Kerkhove disse: “Esta é uma situação controlável, principalmente onde estamos vendo esses surtos que estão acontecendo em toda a Europa, também na América do Norte. Estamos em uma situação em que podemos usar testes de identificação precoce, isolamento de casos com suporte. Nós podemos parar a transmissão de humano para humano.”
Ela disse que a transmissão estava acontecendo por meio de contato físico próximo: “contato pele a pele” e que a maioria das pessoas identificadas até agora não se enquadram em caso grave da doença.
A Dra. Rosamund Lewis, que dirige o secretariado de varíola no programa de emergências da OMS, disse que “Esta é a primeira vez que vemos casos em muitos países ao mesmo tempo e pessoas que não viajaram para as regiões endêmicas da África. Ainda não temos evidências de que haja mutação no próprio vírus”. E acrescentou: “os virologistas estão estudando as primeiras sequências genômicas do vírus.”
Andy Seale, consultor de estratégias dos programas globais de HIV, hepatite e infecções sexualmente transmissíveis da OMS, enfatizou que, embora o vírus possa ser contraído por meio da atividade sexual, não é uma doença sexualmente transmissível.
Ele disse: “Enquanto estamos vendo alguns casos entre homens que fazem sexo com homens, esta não é uma doença gay, como algumas pessoas nas mídias sociais tentaram rotulá-la. Esse não é o caso. Esse grupo demográfico é geralmente considerado um dos grupos que realmente cuida da triagem de saúde. Eles têm sido proativos em responder a sintomas incomuns.”
O ECDC alertou simultaneamente que a varíola dos macacos pode se tornar endêmica no continente, se a transmissão continuar e se espalhar para animais de tutores ou animais selvagens. Dezesseis países, incluindo EUA, Austrália, Canadá e Espanha, detectaram o vírus.
Não existe vacina específica para a varíola, mas as vacinas contra a varíola, que eram comumente usadas nos britânicos até que o vírus foi erradicado há quatro décadas, são até 85% eficazes. O relatório disse que o seu uso, dentro de quatro dias após a exposição à varíola dos macacos pode ter um “efeito protetor significativo” e aconselha que os países considerem a vacinação daqueles com infecção e seus contatos próximos.
Devemos lembrar o fato de que os animais estão mais uma vez sendo culpados por algo que condiz a irresponsabilidade da espécie humana. Assim como cães e gatos, diversos outros animais são explorados e vendidos em lojas como brinquedinhos, muitos retirados de seus habitats para serem nomeados de “animais exóticos” por pura ganância, ego e crueldade da espécie humana.