Um hamster foi proibido de seguir viagem com sua família no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo. Ivy, que tem apenas 10 cm e 40 gramas, foi barrada durante um embarque para a Bélgica, cidade para onde sua família se mudou. O animal ficou com um parente da família e aguarda para se reencontrar com seus tutores.
O casal Christiane e Roger Bittencourt, e a filha deles Maria Eduarda, passaram momentos de tensão durante a tentativa de embarque no voo internacional. A hamster Ivy foi adotada em 2020 para fazer companhia para a criança de 8 anos, que foi diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Na ocasião, a psicóloga que faz o acompanhamento da menina orientou os pais a fazerem a adoção de um animal ‘de apoio emocional’, que significa adotar um animal para acompanhar a pessoa, proporcionando momentos de conforto e ajudando no controle de doenças psiquiátricas, como a ansiedade e o TDAH.
“Ela ainda chora e diariamente fala que sente muito a falta dela. Para a Maria Eduarda, está sendo difícil, foi um trauma grande ter que deixar a Ivy e ainda toda essa mudança de país e escola tudo ao mesmo tempo”, contou o pai de Maria Eduarda, ao Metrópoles.
A família que vivia em Florianópolis, Santa Catarina, precisou realizar a mudança depois que Christiane foi aprovada em um programa de doutorado na Antuérpia, Bélgica. Roger conta que foram realizados todos os trâmites legais e sanitários solicitados pela empresa aérea Azul e pelas autoridades dos dois países.
Diante do impasse no aeroporto, eles foram obrigados a remarcar a viagem para outra data. Porém dois dias depois, a Linhas Aéreas Azul notificou novamente a família, informando que não seria possível o embarque do hamster na cabine.
Após o impasse a família retornou para Florianópolis para deixar o pequeno animal com uma pessoa de confiança. Mesmo contrariados, eles mais uma vez foram para Campinas, agora sem Ivy, e dessa vez conseguiram seguir a viagem para a Europa.
“Foi muito traumático, porque tínhamos certeza de que iria dar certo, estávamos com todos os documentos, foram meses de planejamento e busca por informações. Foi muito desesperador ver a minha filha chorando e todo o nosso esforço em vão”, relata Roger.
Conforme o advogado da família, a filha encontra-se em desespero por estar sem a companhia de sua hamster. A solução, conclui o defensor, é o pai retornar para o Brasil, pegar a Ivy e levá-la para a Bélgica. Para tanto, a família ajuizou uma ação de indenização por danos materiais e morais, e solicitando a tutela de urgência de Ivy.
O requerimento foi acatado pela juíza Vânia Petermann, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que condenou a Azul Linhas Aéreas a providenciar o suporte necessário para que o pai retorne ao Brasil e depois possa embarcar com a hamster para a Bélgica. Caso a decisão seja descumprida, a companhia será multada no valor de R$ 10 mil por dia de desacato. A juíza ainda fixou outra multa de R$ 20 mil caso a empresa recuse o embarque do animal na cabine.
A Azul não quis se pronunciar sobre o caso.