Sensibilizada com esse episódio, a artista britânica Sue Coe criou uma obra em homenagem aos muitos animais mortos
Por David Arioch
Há 33 anos, em 23 de agosto de 1986, o navio de transporte de “carga viva” Uniceb deixou Fremantle, na Austrália, em uma viagem com duração de 16 dias até Aqba, na Jordânia. Cerca de 395 quilômetros a leste de Seychelles, um incêndio na sala de máquinas se espalhou até as acomodações da tripulação.
Diante da situação, os tripulantes abandonaram o navio, deixando para trás mais de 67 mil ovelhas. Sensibilizada com esse episódio, a artista britânica Sue Coe criou uma obra em homenagem aos muitos animais mortos em um dos maiores incêndios com ovelhas já registrados na história da Austrália.
Sobre o episódio, ela escreveu: “Havia 67.050 almas a bordo.” Para se ter uma ideia de como a Austrália investe na exportação de ovinos, o país tem pouco mais de 24,6 milhões de habitantes e cria mais de 100 milhões de ovelhas e carneiros, que serão mortos para a extração de lã e carne.
Sue Coe voltou sua atenção para os animais mortos para consumo nos anos 1980
Nascida em 21 de fevereiro de 1951, a artista e ilustradora Sue Coe, referência em arte sobre direitos animais, cresceu perto de um matadouro em Tamworth, Staffordshire, na Inglaterra. A experiência fez com que ela desenvolvesse um grande interesse em sensibilizar as pessoas sobre a crueldade contra os animais.
Depois de estudar ilustrações e arte comercial na Chelsea School of Art e na Royal College of Art, Sue Coe mudou-se para Nova York em 1972. Aos 21 anos, decidiu enveredar pelo caminho do artivismo, ou seja, começou a produzir arte como uma ferramenta de ativismo político.
Foi no início dos anos 1980 que Sue Coe se voltou para a situação dos animais mortos para consumo humano. Ao longo de seis anos, ela realizou pesquisas e visitou matadouros de várias regiões dos Estados Unidos.
A artista inglesa, que se considera uma jornalista visual, possui um estilo mordaz que lembra o trabalho do escritor e reformador social Upton Sinclair, autor de The Jungle (A Selva), que denunciou as mazelas da indústria frigorífica em 1906.
Modesta, Sue Coe diz que se um dia alcançar 1% da genialidade do pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, autor de Slaughtered Ox (Boi Abatido), de 1655, ela se sentirá realizada.
Gratidão por estar conosco! Você acabou de ler uma matéria em defesa dos animais. São matérias como esta que formam consciência e novas atitudes. O jornalismo profissional e comprometido da ANDA é livre, autônomo, independente, gratuito e acessível a todos. Mas precisamos da contribuição, independentemente do valor, dos nossos leitores para dar continuidade a este imenso trabalho pelos animais e pelo planeta. DOE AGORA.