O disco “Animal Liberation” ou “Libertação Animal”, considerado o primeiro dedicado aos direitos animais com a participação de diversos artistas, completou 32 anos. Quando foi lançado em 1987, o disco produzido por Al Jourgensen, da lendária banda de metal industrial Ministry, chamou a atenção pela proposta diferenciada. Até então, registros fonográficos com caráter beneficente eram feitos apenas em prol de causas humanitárias. Um clássico e grande exemplo é a música “We Are the World”, escrita por Michael Jackson e Lionel Richie em 1985.
Depois de refletir sobre o assunto, Dan Mathews, então diretor de divulgação da organização Pessoas Pelo Tratamento Étnico dos Animais (PETA), conheceu Al Jourgensen, que já era diretor da Wax Trax! Records, e pediu sua opinião sobre a ideia de um disco dedicado à causa animal: “Vá em frente!”, disse Jourgensen que se ofereceu para produzi-lo, de acordo com matéria de Tom Popson, publicada no Chicago Tribune em 7 de novembro de 1986.
A inspiração para “Animal Liberation” veio com a música “Skin”, lançada em 1980 pela banda britânica Siouxsie & the Banshees. A composição fala sobre a realidade da indústria de peles. “Pensei: ‘Isso é efetivo!’”, declarou Mathews. Depois de um ano de contato com bandas e artistas em carreira solo, o trabalho ganhou corpo com uma forte proposta baseada no mote: “Os animais não são nossos para comermos, usarmos e fazermos experimentações”.
Segundo Dan Mathews, muitos artistas e grupos entraram em contato querendo contribuir de alguma forma, porém, muitos queriam doar músicas com outra temática. “Como suas músicas não falavam diretamente dos direitos animais, realmente não podíamos aceitá-las”, justificou e acrescentou que a PETA visava tanto o aspecto financeiro quanto educacional.
Criticando a vivissecção, indústria de peles, indústria da carne e também a caça, Nina Hagen, Lene Lovich, Attrition, Chris & Cosey, Colour Field, Luc Van Acker, Shriekback, Captain Sensible e Howard Jones doaram não apenas tempo e criatividade, mas também disponibilizaram seus próprios estúdios de gravação para a realização do projeto. Enquanto “Hunter”, de Van Acker critica a caça, Hagen e Lovich abordam os testes em animais e a redução de animais à comida.
O que agradou bastante em relação ao disco, segundo os idealizadores, é que houve uma preocupação em não parecer hostil nas letras e na temática, o que permitiu que “Animal Liberation” conquistasse bastante aceitação entre pessoas que não eram vegetarianas.
“Nina e Lene têm uma canção muito otimista, muito vigorosa. Acho que é a música mais pop que elas fizeram. E não é algo que pareça como uma lição de moral. […] As pessoas podem tirar suas próprias conclusões”, declarou Mathews ao Chicago Tribune.
Embora Al Jourgensen, do Ministry, não toque no disco, ele fez as transições entre as músicas, além de ter criado os clipes de notícias e incluído citações que instigam o ouvinte à reflexão. O trabalho teve a contribuição de Bill Rieflin, Ion Barker e Roland Barker. O disco também foi lançado com uma música bônus e ao vivo – “The Meat is Murder”, do The Smiths. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos discos foi usado na produção e circulação de material para conscientização sobre os direitos animais.
Faixas do disco “Animal Liberation”
Al Jourgensen – “International Introduction” (1:36)
Nina Hagen / Lene Lovich – “Don’t Kill The Animals” (Rescue Version) (6:36)
Al Jourgensen – “Civil Disobedience Is Civil Defence” (0:58)
Attrition – “Monkey In A Bin” (2:26)
Chris & Cosey – “Silent Cry” (3:27)
Al Jourgensen – “Lab Dialogue” (0:24)
Lene Lovich – “Supernature” (5:40)
Al Jourgensen – “Life Community” (0:49)
Colour Field – “Cruel Circus” (3:58)
Luc Van Acker – “Hunter” (3:31)
Shriekback – “Hanging Fire” (3:00)
Captain Sensible – “Wot? No Meat!” (3:11)
Al Jourgensen – “Meat Farmer” (0:28)
Howard Jones – “Assault And Battery” (4:50)
Bônus – The Smiths – “Meat is Murder” (5:53)